A Palavra, o Medo e a Coragem
A Palavra tinha plena consciência do seu poder. Era sábia e muito inteligente. Por esse motivo muitas vezes exagerava em suas argumentações. Quando começava a falar, muitas vezes não tinha noção do alcance de tudo o que dizia. Dependendo da entonação de voz que usava, era como se de repente, um gigante adormecido se materializasse. Seu aspecto era assustador. Seus passos eram pesados e retumbavam a cada passo que dava. Quando sua figura imponente se aproximava, o Medo se escondia o mais que podia, temendo que o gigante pudesse se aproximar. A sombra crescia a medida que o gigante andava e quando ele falava, o vozeirão fazia as paredes trepidarem e se alguém ousasse retrucar qualquer coisa, ele amassava e reduzia a pó, com uma única exclamação. E todo o dia, os mesmos fatos se repetiam. O Medo se escondia quando ouvia os passos do gigante se aproximar. Vendo que o Medo não tinha quem o defendesse, a Coragem, que o observava calada, resolveu interceder a seu favor, não sem antes tentar argumentar:
- Não se deixe intimidar. Você não pode aceitar tudo o que o gigante te diz e ficar calado.
- Mas eu tenho medo, disse o Medo, já tremendo, sem poder se controlar.
- Pois é esse medo que o torna inferior e a Palavra sabe disso, por isso tem todo o poder sobre você!
- E o que posso fazer, perguntou o Medo, já mais animado.
- Você deve observar a Palavra, quando ela falar qualquer coisa que o entristeça. Em algum momento ela vai deixar transparecer alguma coisa que você possa usar contra ela, respondeu a Coragem, insuflando o peito, cheia de conhecimento de causa.
- E se não der certo? Perguntou o Medo, voltando a tremer, mas agora já mais animado.
- Pode não dar certo da primeira vez, mas você vai ter que tentar, senão serás um eterno dependente da Palavra.
E o Medo assim fez. Quando ouviu a Palavra se aproximar, não se intimidou. Escutou tudo calado, mas desta vez sem o medo que sentia antes. Assim, mais preparado para enfrentar a Palavra Gigante, ouviu o que ela tinha a dizer. Analisou com muita calma, palavra por palavra e concluiu que o que tornava a Palavra tão poderosa, não era o excesso do poder, mas a falta de amor. A agressividade toda era a forma que a Palavra encontrava para esconder a tristeza que havia em seu coração. O Medo descobriu que poderia se aproximar da Palavra usando a arma que ele conhecia melhor: A Humildade!
Débora Benvenuti
Submited by
Prosas :
- Login to post comments
- 1675 reads
other contents of deborabenvenuti
Topic | Title | Replies | Views | Last Post | Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Fantasy | O SENTIMENTO E A EMOÇÃO | 2 | 1.172 | 08/23/2010 - 22:00 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | A CONFIANÇA | 1 | 2.449 | 08/21/2010 - 14:34 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | NO TÚNEL DO TEMPO | 1 | 2.126 | 08/18/2010 - 20:08 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | O AMOR E A FELICIDADE | 2 | 1.325 | 08/11/2010 - 22:50 | Portuguese | |
Poesia/General | O MANTO DA INCERTEZA | 2 | 707 | 08/11/2010 - 06:50 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | FELICIDADE E ILUSÃO | 2 | 1.304 | 08/11/2010 - 06:02 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | PAI PARA SEMPRE | 1 | 1.119 | 08/09/2010 - 21:52 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | A VERDADE E A HIPOCRISIA | 3 | 1.585 | 08/07/2010 - 13:50 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | A IDÉIA E A EXPRESSÃO | 2 | 1.074 | 08/07/2010 - 13:26 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | PRÉ-ESCRITO | 3 | 1.537 | 08/07/2010 - 00:19 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | O RACIOCÍNIO E A INTERPRETAÇÃO | 2 | 1.297 | 08/05/2010 - 00:22 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | COMO DIZER ...ADEUS! | 3 | 1.301 | 08/04/2010 - 00:42 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | AO SOM DE UM VIOLINO | 1 | 1.771 | 08/02/2010 - 18:58 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | INQUIETUDE | 2 | 963 | 07/31/2010 - 00:02 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | PAIXÃO OU AMOR? | 1 | 1.074 | 07/30/2010 - 01:36 | Portuguese | |
Poesia/Love | PROPOSTA IN(DE COR ROSA) | 1 | 953 | 07/26/2010 - 22:43 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | PINCELANDO SONHOS | 3 | 1.639 | 07/26/2010 - 07:46 | Portuguese | |
Poesia/Love | RETIRANTES | 1 | 1.551 | 07/25/2010 - 00:08 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | A SOMBRA | 3 | 1.695 | 07/23/2010 - 23:38 | Portuguese | |
Poesia/General | O ÓLEO DA NATUREZA | 1 | 1.163 | 07/23/2010 - 07:58 | Portuguese | |
Poesia/Passion | SEDUÇÃO DE OUTONO | 4 | 955 | 07/21/2010 - 17:39 | Portuguese | |
Poesia/Friendship | AMIGO | 1 | 1.956 | 07/20/2010 - 22:23 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | AONDE VAIS...? | 3 | 905 | 07/20/2010 - 15:49 | Portuguese | |
Poesia/Love | A MURALHA INVISÍVEL | 1 | 1.427 | 07/17/2010 - 21:33 | Portuguese | |
Prosas/Contos | O CAVALEIRO MEDIEVAL | 1 | 2.257 | 07/14/2010 - 10:55 | Portuguese |
Add comment