21/12/2012 - "Colecção Obsessiva de Sentimentos".
O fim do mundo, o apocalipse, juízo final, Armagedão, game over, the end, vinte e um de Dezembro de dois mil e doze.
Estou sentado no quintal. Estou relaxadamente deitado na chaise long que coloquei no meu quintal, descontraio ao sol morno. O chocolate quente aconchega-me. E deixo de me preocupar com as calorias, o colesterol ou a barriguinha. Relax.
Urgentissimamente e irrealissimamente, ontem, o excelentíssimo Presidente da República comunicou ao país: Caros cidadãos, blá blá blá, devido a “qualquer coisa esquisita” o planeta irá sofrer um “qualquer” cataclismo. Este porá em causa a sobrevivência de todos os seres vivos. Blá blá blá, blá blá blá.
Afinal, sempre tinham razão. Desliguei logo os telefones para evitar ser contactado. Cortei os fios eléctricos da campainha. Tranquei todas as formas de entrar e sair de casa. Reforcei tudo com pranchas de madeira cosidas a pregos. Isolei-me. Minha família mora a quilómetros de distância. Não me preocupo, não me quero preocupar, não quero que me preocupem. Minha namorada deve andar para ai, a fazer “amor” urgente com o amante.
Fugir? Para quê!? Encaracolar-me no meio da frenética, assustada e histérica multidão?... Além disso, já disseram, não há possibilidade nenhuma de sobrevivência. Nem para os bem-aventurados santos.
Sendo assim, neste pequeno quintal, com vista para o oceânico azul, apreciando o céu que o complementa, deixei-me ficar.
Depois de hoje acabaram-se as preocupações. Tudo deixará de existir numa assombrosa explosão. Não precisarei mais de me deitar preocupado em acordar cedo para trabalhar, em andar preocupado com contas, ganhar dinheiro, assumir responsabilidades, dar ares de snobe, engolir sapos e planear, planear, planear, pensar no futuro, recalcar os desejos, fingir que ando bem, não beber, não fumar, não peidar, não gritar, mediar palavras, ser sério, objectivo, acreditar que não sou neurótico “tá tudo bem tá tudo bem tá tudo bem”, tens que… cuidado para… atenção com a… PORRA! MERDA! CHEGA! Agora sim!... Agora não me preocuparei mais com o meu superego totalitário.
Deixem-me apreciar o momento. Não, não pensem que vou dar asas às minhas fantasias homossexuais reprimidas ou outro tipo de coisas. Como a violência reprimida da raiva. A aventurar-me a libertar o anarquismo psicótico sociopata, inerente ao Ser Humano, só por saber que já não haverão consequências. Não…
Vou relaxar, apreciar o sol, o céu, a brisa e o quente sabor doce do chocolate. Hoje acaba-se tudo. Finalmente paz… finalmente sossego… aaaaaah!... o que eu não daria agora por mais um pouco de tempo…
Estou sentado no quintal. Estou relaxadamente deitado na chaise long que coloquei no meu quintal, descontraio ao sol morno. O chocolate quente aconchega-me. E deixo de me preocupar com as calorias, o colesterol ou a barriguinha. Relax.
Urgentissimamente e irrealissimamente, ontem, o excelentíssimo Presidente da República comunicou ao país: Caros cidadãos, blá blá blá, devido a “qualquer coisa esquisita” o planeta irá sofrer um “qualquer” cataclismo. Este porá em causa a sobrevivência de todos os seres vivos. Blá blá blá, blá blá blá.
Afinal, sempre tinham razão. Desliguei logo os telefones para evitar ser contactado. Cortei os fios eléctricos da campainha. Tranquei todas as formas de entrar e sair de casa. Reforcei tudo com pranchas de madeira cosidas a pregos. Isolei-me. Minha família mora a quilómetros de distância. Não me preocupo, não me quero preocupar, não quero que me preocupem. Minha namorada deve andar para ai, a fazer “amor” urgente com o amante.
Fugir? Para quê!? Encaracolar-me no meio da frenética, assustada e histérica multidão?... Além disso, já disseram, não há possibilidade nenhuma de sobrevivência. Nem para os bem-aventurados santos.
Sendo assim, neste pequeno quintal, com vista para o oceânico azul, apreciando o céu que o complementa, deixei-me ficar.
Depois de hoje acabaram-se as preocupações. Tudo deixará de existir numa assombrosa explosão. Não precisarei mais de me deitar preocupado em acordar cedo para trabalhar, em andar preocupado com contas, ganhar dinheiro, assumir responsabilidades, dar ares de snobe, engolir sapos e planear, planear, planear, pensar no futuro, recalcar os desejos, fingir que ando bem, não beber, não fumar, não peidar, não gritar, mediar palavras, ser sério, objectivo, acreditar que não sou neurótico “tá tudo bem tá tudo bem tá tudo bem”, tens que… cuidado para… atenção com a… PORRA! MERDA! CHEGA! Agora sim!... Agora não me preocuparei mais com o meu superego totalitário.
Deixem-me apreciar o momento. Não, não pensem que vou dar asas às minhas fantasias homossexuais reprimidas ou outro tipo de coisas. Como a violência reprimida da raiva. A aventurar-me a libertar o anarquismo psicótico sociopata, inerente ao Ser Humano, só por saber que já não haverão consequências. Não…
Vou relaxar, apreciar o sol, o céu, a brisa e o quente sabor doce do chocolate. Hoje acaba-se tudo. Finalmente paz… finalmente sossego… aaaaaah!... o que eu não daria agora por mais um pouco de tempo…
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Miércoles, Mayo 9, 2012 - 22:49
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