PUTRESCÊNCIA …

De noite se faz o olhar em juras rasas,
achocolatadas de nada.

Adejos fluídos em queda,
choro aos socos a cegar as moradas dos olhos.

Velocidade acelerada em feixes ocos
onde medra o pesadume da pedra.

Vaidade exterminada de ninguém,
luz destravada.

Desfolhada que ufana a imortalidade.
Suspiro que move montanhas.
Fogo que chama.

Tarde que se acende em pianos insanos.
Anos coçados pelo cume dos dedos.
Distâncias levadas pelo vento.

Vaga de fanfarras loucas.
Soros penitentes como murmúrio sem segredos.
Venenos rendados por nuncas sempre iminentes.

Alvorada cinzelada pela palidez coitada do frio.
Escuridão controversa, desafinada
por cores roucas.

Andorinhas delirantes.
Vozes mirantes sem fisionomia.
Putrescência escoicinhada por arrasto dantesco.

Dedilhar silencioso numa tara abrasiva.
Sueto como forquilha de um inverno
que nos leva a alma ao inferno.

Línguas atadas aos pés,
dueto nos revés do crepúsculo,
tintura que pinta o balanço das marés. 

Céu que rasteja pelo ar,
estrelas derretidas em névoas de amar.

Nódoa tenebrosa,
hora teimosa nas veias do tempo,
outrora sebáceo em fragmentos langorosos.

Desalento ajoelhado aos passos.
Aroma enrugado na boca.
Palavra desfeita.

Olhar que esvoaça inábil,
rejeitado pelo chão.

.
.
.
.

Submited by

Jueves, Mayo 10, 2012 - 12:33

Poesia :

Su voto: Nada (5 votos)

Henrique

Imagen de Henrique
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 10 años 2 semanas
Integró: 03/07/2008
Posts:
Points: 34815

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Henrique

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Pensamientos DA POESIA 1 9.556 05/26/2020 - 22:50 Portuguese
Videos/Otros Já viram o Pedro abrunhosa sem óculos? Pois ora aqui o têm. 1 51.956 06/11/2019 - 08:39 Portuguese
Poesia/Tristeza TEUS OLHOS SÃO NADA 1 9.018 03/06/2018 - 20:51 Portuguese
Poesia/Pensamientos ONDE O INFINITO SEJA O PRINCÍPIO 4 10.425 02/28/2018 - 16:42 Portuguese
Poesia/Pensamientos APALPOS INTERMITENTES 0 9.104 02/10/2015 - 21:50 Portuguese
Poesia/Aforismo AQUILO QUE O JUÍZO É 0 8.929 02/03/2015 - 19:08 Portuguese
Poesia/Pensamientos ISENTO DE AMAR 0 8.842 02/02/2015 - 20:08 Portuguese
Poesia/Amor LUME MAIS DO QUE ACESO 0 9.542 02/01/2015 - 21:51 Portuguese
Poesia/Pensamientos PELO TEMPO 0 7.593 01/31/2015 - 20:34 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO AMOR 0 7.662 01/30/2015 - 20:48 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SENTIMENTO 0 7.251 01/29/2015 - 21:55 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO PENSAMENTO 0 8.827 01/29/2015 - 18:53 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SONHO 0 6.700 01/29/2015 - 00:04 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SILÊNCIO 0 7.587 01/28/2015 - 23:36 Portuguese
Poesia/Pensamientos DA CALMA 0 6.541 01/28/2015 - 20:27 Portuguese
Poesia/Pensamientos REPASTO DE ESQUECIMENTO 0 6.076 01/27/2015 - 21:48 Portuguese
Poesia/Pensamientos MORRER QUE POR DENTRO DA PELE VIVE 0 8.582 01/27/2015 - 15:59 Portuguese
Poesia/Aforismo NENHUMA MULTIDÃO O SERÁ 0 7.704 01/26/2015 - 19:44 Portuguese
Poesia/Pensamientos SILENCIOSA SOMBRA DE SOLIDÃO 0 8.034 01/25/2015 - 21:36 Portuguese
Poesia/Pensamientos MIGALHAS DE SAUDADE 0 7.763 01/22/2015 - 21:32 Portuguese
Poesia/Pensamientos ONDE O AMOR SEMEIA E COLHE A SOLIDÃO 0 7.020 01/21/2015 - 17:00 Portuguese
Poesia/Pensamientos PALAVRAS À LUPA 0 6.876 01/20/2015 - 18:38 Portuguese
Poesia/Pensamientos MADRESSILVA 0 5.841 01/19/2015 - 20:07 Portuguese
Poesia/Pensamientos NA SOLIDÃO 0 9.184 01/17/2015 - 22:32 Portuguese
Poesia/Pensamientos LÁPIS DE SER 0 8.828 01/16/2015 - 19:47 Portuguese