REMANDO CONTRA A MARÉ

Gostaria de acreditar que este caos em que vivem as nações, mesmo as que se pensa mais estáveis, não permanecerá assim durante muito mais tempo, mas não consigo. A inoperância de certos programas, a indiferença e a incapacidade de certos governantes, a inflexibilidade de certos sistemas políticos, totalitaristas e outros bem disfarçados, levam-me a admitir que o mundo está a seguir uma rota capaz de conduzir-nos a um fim indesejável. Não fosse a força de certos seres verdadeiramente interessados em levar importantes temas a discussão em inúmeras reuniões internacionais e estou convencida que já teríamos tido uma Terceira Guerra Mundial. Constitui uma constante ameaça à Paz Mundial o ódio gerado entre algumas nações, seja porque seguem ideologias políticas antagónicas, onde não há espaço para atitudes de tolerância e aceitação do respeito que cada um merece, seja porque o facto de serem países ricos em petróleo os torna gananciosos, ou - talvez mais grave ainda - porque esse ódio é resultante de diferentes convicções religiosas. Entretanto, há nações muçulmanas, fundamentalistas, tais como o Irão, a Líbia e a Síria, que constituem uma ameaça pela sua cada vez mais crescente aquisição de tecnologias modernas para o fabrico de armas nucleares e, portanto, porque de fundamentalistas se trata, não podemos deixar de vê-los, também, como uma ameaça à Paz, devido às suas fanáticas crenças e ambição de aumentar o seu poder através da aquisição de armas nucleares sofisticadíssimas. Tal é ocaso da Índia, Israel e Paquistão.

Paralelamente à crise mundial, que é um facto indubitável, como se sabe, assiste-se ao crescimento de potências como a China Comunista, que está a fazer tremer os alicerces económicos de certos países da Europa. Não sei até que ponto a abertura que lhe foi concedida para comercialização dos seus produtos a nível internacional e, consequentemente, o seu enriquecimento devido ao considerável aumento das suas exportações, não venha a ser irreversivelmente lamentada, sobretudo pelo ocidente. Com a entrada no mercado de produtos chineses a um baixíssimo preço, o que temos de considerar ser bastante bem aceite por quem vê as suas possibilidades financeiras cada vez mais afectadas pela crise, vimos muitas empresas acabarem na falência. Isto é um facto indiscutível e não se vê forma de isso ser evitado porque a moral da maior parte dos fabricantes só lhes permite lutar por um objectivo: atingir elevado número de vendas, com lucros exagerados. Sabemos que o preço pago pela mão-de-obra é elevado, mas também sabemos que, dificultando a importação de produtos da China e de outros países que praticam o abuso de pagarem baixíssimos valores aos operários, que vivem miseravelmente, iria pôr termo a este tipo de exploração. Esta medida, aliada à de contenção nos lucros dos fabricantes iria certamente contornar, também, o problema. Não sendo assim, gera-se um ciclo vicioso que só beneficia e fortalece esses países, capazes de recorrerem à mão-de-obra barata, pois enquanto os outros enfraquecem, eles tornam-se fortes potências mundiais, as quais passam a constituir, igualmente, uma outra ameaça quando, a par deste crescimento, sobretudo em países de governos totalitaristas, surge a sua corrida ao armamento nuclear.

Eu não acredito, portanto, que o mundo esteja a seguir o rumo que convém à construção duma política de actuação correcta por parte dos governos a qual, se conscientemente pensados e estruturados os seus fundamentos, iria permitir vivermos num mundo, senão perfeito, que contemplasse...

- acabar com o abuso do lucro excessivo,
- dar dignidade a quem está a passar por grandes dificuldades económicas no seio das suas
  famílias, onde a fome e o desespero se instalaram,
- dar à Natureza o seu direito de não ser agredida por constantes gestos dum menefreguismo que
  revolta,
- dar à criança o seu direito a um crescimento são e tranquilo,
- dar a cada um a tranquilidade de saber que não precisará de ser rico para ter saúde,
- dar a cada criança uma educação digna de orgulhar-se quem dela irá beneficiar, i.e., ela própria,
  em todos os sentidos, quando adulta.

Para quando podermos acreditar que tudo isto possa ser possível, se continuamos a assistir à defesa de estratégias materialistas onde a avaliação de valores tende a favorecer o tacho de grandes egoístas, em vez de respeitar o bem-estar de quem sofre? Lutemos por uma resposta traduzida em actos, não em discursos que há muito nos saturam, feitos por gente que se tornou indiferente à luta de que carecemos. Não necessitamos de conversa da treta, tida para satisfazer a sede de protagonismo de muitos vendedores da Santa Banha de Gibóia, que não cura absolutamente NADA. Precisamos, URGENTEMENTE, isso sim, de Homens de Boa-Vontade para os quais o seu bem-estar pessoal está intrinsecamente ligado ao bem-estar do seu próximo.

Maria Letr@

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Martes, Noviembre 20, 2012 - 16:58

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Maria Letra

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a vitória do ego

Cada vez mais remamos contra a maré e a humanidade está num ciclo vicioso
para o qual não se vê saída sem que haja sangue, suor e lágrimas.

Parece que ciclicamente a humanidade se deixa enlear em duras teias
de dramatismo, a maioria das vezes sob o patrocinio do malvado ego,
que não consegue perceber que o que é bom para uns pode ser dramático
para outros.

Um tema cada vez mais atual e ao qual a literatura não pode ficar indiferente.

1 abraç0o de Boas Vindas à colega do Recanto das Letras!

Abilio Henriques

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REMANDO CONTRA A MARÉ

Muito obrigada, colega do Recanto das Letras! Estarei lá já por muito pouco tempo. Não estava satisfeita.
Irei visitá-lo agora mesmo à sua página para deixar o meu comentário. Um abraço reconhecido.

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