Ventos de Maio

Em regos irrigados de palavras
de adubado e penoso suor,
vislumbro árvores vergastadas
de pequeninas encurvadas.
Roubado seu tempo de meninice,
escravidão que antecipa a velhice.

O pão continua parco. À mesa, uma fina dor.

Em dias envoltos de fantasias
de cheiros sugados nas maresias,
avisto masmorras submersas
de redes e linhas emaranhadas.
Procuras o afago das sereias.
Sôfregas anestesiam tua dor.

O peixe continua caro. À mesa, um canto sofredor.

Em momentos encantados
de versos soltos pintados,
respingo a alma poética
de viagens desenhadas
onde risco itinerários
e sóis de maias e maios.

A poesia continua apetecida. À mesa, ignoro lacaios.

Corre-me este temperado sabor,
ver-te livre, trabalhador,
nascido primeiro de Maio,
ainda que imberbe catraio.

Corre-me um destemperado ardor,
se do baralho do teu senhor,
te vejo na rua descartado,
olhar mortiço no chão rasgado.

Mês de marias, de maias e de maios flor…
 
OF – Pintura de Josephine Wall em http://portate-mal.blogspot.pt/

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Jueves, Mayo 1, 2014 - 09:49

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Odete Ferreira

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Ventos de maio

Lindo mês de maio e de marias,de esperanças, de suor e liberdade.

ABRAÇOS

LUAR DE OUTONO - http://deborabenvenuti13.blogspot.com.br

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Para deborabenvenuti

E que assim continue a ser...

Grata pela presença e gentil comentário.

Bjinho, deborabenvenuti

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