A síndrome de Savanah

A síndrome de Savanah

Se falasse, crítica, enfática e demoradamente com o meu anfitrião e Alter-Ego, diria como diz Chico Buarque, “O meu caro amigo me perdoe, por favor”, pois sinto que não lhe faço uma visita tão afável quanto as que este me concede, mas não é, nem são práticas comuns a mim, nem a cortesia gratificada nem a indelicadeza gratuita, pedante e desgovernada, é preciso compreensão, pois que, qualquer criança, mesmo de recente idade e começo na fase anal já possui um ego alterado, se é que me faço entender por escrito, tal o meu promíscuo complexo de inferioridade.

Meu caro e dilecto amigo, se é que o posso afirmar sem receios, eu bem tento ser convincente nas inquietas afirmações que produzo, mas também te afirmo, afianço que, revoltas nuvens e aos magotes, nem são sinal de tempestade perdurável, nem a acção de uma toalha no ringue é o sinal melodramático para abrir fogo ou um espaço entre gotas de chuva enviesada e grossa. São tudo citações artificiais e exteriores a mim que proponho, assim como a pele sintética de comparação a parafina no toque dum manequim de modo a ser mais humano pelo menos na aparência daquilo que projecta à luz da montra de uma superfície comercial, se é que me faço semanticamente entender.

Quando a pradaria está insuportavelmente deserta abro a janela na esperança do “absolutamente tranquilo” dê ordens ao barulho longínquo da pistola para que quebre o silêncio de ”morte estabelecida por decreto”, a síndrome da savana cria-se a si própria e é de uma inspiração criativa ímpar, quando nos damos conta entra-nos pelos sentidos e potencia-nos quase religiosamente a criar tal como um caprichoso, maduro e super-produtivo Picasso da Mongólia Interior, esquecei Crime e Castigo e Dostoievski .

Meu caro amigo, me perdoe a demora, mas analisando retrospectivamente a atmosfera pouco romântica do nosso passado pouco comum, teimo em concluir que um casamento demasiado, juvenil, precipitado e a consumação do matrimónio à pressa num motel de estrada não calha nada bem para ambos os cônjuges, sendo vantajosa uma união sadia e ponderada, tardia e talvez menos intensa e fogosa, mas imensamente mais séria e quiçá até ao fim da existência de ambos, e é essa a minha suprema ambição conjugal. Enfim, acho que pegaste a essência, certo?

Uma direcção, um foco, a escrita sinestésica e estética como criação optimizada, artística e sem o defeito dos esteróides do meu altEr-EgO,” O-duplO-Eu”, melhor que Eu, sem pressões, este toca bateria e guitarra numa banda alternativa tailandesa de “Post-Rock”, dialoga em mandarim com ledores e editores sem os magoar nas feridas sanguíneas, nas megas feiras do livro, ele sim, é um ser fascinante, ao contrário de mim, o fracassado, o parente absolutamente tranquilo, o lobo habitante das estepes, onde não se passa totalmente nada, apenas quando me ultrapassa um galgo no pó do caminho, quando tento por gestos me aproximar gago, do espelho e estabelecer um diálogo, ou dando ordens aos barulhos longínquos de pistoleiros disparando ao acaso para os ares ou uns contra os outros, como preferis ou for mais romântico e não o mais parcimonioso.

Então aqui vai o cardápio em germânico, do evento gesticulado ou o menu da ceia para os próximos cento e tal anos de solidão contigo, em que nenhum vento será favorável à nossa imortalidade de gregos, “génios” nem gritam pelos nossos nomes ou consolo, as velas, nem nos estandartes, candelabros com costuras diagonais malignas, digamos da guerra – tronga – e longa, entre aborrecidas e monótonas máquinas de escrever cibernéticas, na estação do «ninguém te provoca, nada te implica», ruído branco…
(……)

Generosos e sensatos foram os nossos bis, tetra-avôs e avós, quais nos ensinaram a manter uma calma resiliente, mesmo sob ventos devastadores e desgastantes guerras punitivas, etc,. Retribuamos agora o aceno, sob um ponto de vista de intolerantes aditivos, instáveis auditivos que apenas gesticulam enquanto tomam cachaça da forte ou café puro, juntos se este for da costa Arábica/Leste, saibamos que não controlamos as nossas emoções primárias quanto eles, estes nossos antepassados nobres, embora possuamos uma e a mesma raiz evolutiva, partilhemos uma génese gramatical bi-decimal e em decibéis audíveis, onde não consta qualquer referência a armas de fogo ou à “síndrome de tranquilidade da savana”, entretanto vou ordenar aos pistoleiros que se digladiem em combate fratricida, olho por olho, mano a mano contra a força gravitacional duma Terra previamente enterrada e convenientemente morta, absolutamente tranquila.

Assunto fechado, encerrado, finito, pois o gato preto macho residente, pede insistentemente que lhe descerre a porta de fora, talvez devido a alguma oportuna e preliminar dor intestinal ou na bexiga do “gatesco” felino a dar horas bem precisas, quando se acumula o chichi junto à próstata, como se fossem dados acumulados a dar de fora na cache do ordenador onde escrevo sem parar faz horas, sei lá, a respeito do estranho tempo que faz lá fora, sem que nos inflija cá dentro dessa terrível coisa que se chama viver, que a minha avó experimentava 24 horas por dia, quando estava viva e a vida era agradável de viver, constipada e fora de portas…

Passei do ponto em que passam a não ter conto os disparates em ponto cruz e chega a altura que começo a inventar símbolos pontuais, como saídos de Sinestesicos bolsos, saldos em formas anatómicas e autónomas de pensamento de infinitas ligações e sugestões quais ainda não havia chegado a vez de desocuparem as algibeiras do casaco, julgava eu cosidas em pospontos, mas já prontas a entrar em palco, e espreitando pela greta do pano de cena em Marron/Grená…(até já)

http://joel-matos.blogspot.com/
Joel Matos (Dez 2019)

Submited by

Domingo, Marzo 1, 2020 - 20:26

Poesia :

Su voto: Nada (1 vote)

Joel

Imagen de Joel
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 8 semanas 4 días
Integró: 12/20/2009
Posts:
Points: 42009

Comentarios

Imagen de Joel

obrigado pela leitura e pela partilha

Obrigado pela leitura e pelos momentos que partilho

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Joel

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Ministério da Poesia/General Atrás de mim Gigantes 200 7.012 05/16/2019 - 11:16 Portuguese
Ministério da Poesia/General Qual viagem… 390 5.485 05/11/2019 - 16:37 Portuguese
Poesia/General Morto vivo eu já sou … 496 12.217 05/09/2019 - 11:06 Portuguese
Poesia/General Tesoureiros da luz, 677 14.552 05/09/2019 - 10:59 Portuguese
Ministério da Poesia/General Na extrema qu’esta minh’alma possui. 156 7.618 04/24/2019 - 20:03 Portuguese
Ministério da Poesia/General Como rei deposto numa nação de rosas ... 266 10.612 04/23/2019 - 09:37 Portuguese
Ministério da Poesia/General Por amor ao meu país… 230 5.477 04/23/2019 - 09:05 Portuguese
Ministério da Poesia/General Posso soltar as asas… 330 5.687 04/14/2019 - 19:58 Portuguese
Ministério da Poesia/General Frágil 353 8.461 04/14/2019 - 19:53 Portuguese
Ministério da Poesia/General O Cavaleiro da Dinamarca. 780 11.259 04/14/2019 - 19:52 Portuguese
Poesia/General (Vive la France) 465 8.573 04/14/2019 - 19:48 Portuguese
Ministério da Poesia/General Calmo 332 21.978 04/14/2019 - 19:46 Portuguese
Poesia/General A ilusão do Salmão ... 544 6.164 04/14/2019 - 19:45 Portuguese
Ministério da Poesia/General Sofro por não ter falta , 612 12.828 04/13/2019 - 11:39 Portuguese
Ministério da Poesia/General Ridículo q.b. 509 5.059 04/12/2019 - 16:22 Portuguese
Ministério da Poesia/General À dimensão do horto … 347 10.732 04/11/2019 - 09:45 Portuguese
Ministério da Poesia/General Trago em mim dentro 771 8.552 04/10/2019 - 10:53 Portuguese
Poesia/General Último Poema 435 8.158 04/10/2019 - 10:50 Portuguese
Ministério da Poesia/General Colossal o Oceano, 434 5.633 04/10/2019 - 10:49 Portuguese
Ministério da Poesia/General O Gebo e o Sonho. 404 6.072 04/10/2019 - 10:48 Portuguese
Ministério da Poesia/General Convenço, convencei, convençai… 491 7.168 04/09/2019 - 12:00 Portuguese
Poesia/General Certidão de procedência 406 6.102 04/09/2019 - 11:58 Portuguese
Poesia/General - Papoila é nome de guerra - 359 44.677 04/09/2019 - 11:56 Portuguese
Poesia/General Como terra me quero, descalço e baixo ... 480 5.014 04/09/2019 - 11:52 Portuguese
Poesia/General O erro de Descartes 479 6.284 04/09/2019 - 11:49 Portuguese