O segredo que se esfuma

Janela aberta ao delírio do olhar
Para reverberar a esperança
No sangue claustrofóbico do corpo.
Corriam lentos e dolentes
Os próprios dias.
O vulto não largava a janela,
Quando a brisa anunciava uma eminente intempérie
E sombras reluziam e dançavam projectadas nas nuvens.

O que poderia esperar do conflagrar da noite?
Uma única e absoluta certeza:
A evasiva e a libertação diária.
Há barcos que flutuam despreocupados,
Que se governam em comunhão
Com o rodopio dos ventos de norte e sul,
Com a cadência variável das ondas.
Os Homens que outrora navegavam,
Soçobraram na loucura
E nas profundezas oprimem memórias.

Verdades no limiar da hecatombe:
O Homem é somente lúcido quando
A carência corrói a carne e quebra,
Num colossal frémito, os ossos.

O sangue esvai e o segredo esfuma o segredo.
O vulto funde-se com o abismo,
Profusão do corpo e grãos de terra.
Adeus Inverno eterno da minha existência.

Submited by

Lunes, Septiembre 28, 2009 - 14:36

Poesia :

Sin votos aún

Artemis

Imagen de Artemis
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 12 años 32 semanas
Integró: 08/26/2009
Posts:
Points: 92

Comentarios

Imagen de ventaniadoutono

Re: O segredo que se esfuma

Mto giro, quando se permite que o coração vá mais além do que pode dizer a boca sempre resulta em palavras fantasticas... bom quase sempre...
mas neste caso, o que nos brinda neste poema... é grandioso.

Imagen de MarneDulinski

Re: O segredo que se esfuma

Artemis!

O segredo que se esfuma
Janela aberta ao delírio do olhar
Para reverberar a esperança
No sangue claustrofóbico do corpo.
Corriam lentos e dolentes
Os próprios dias.
O vulto não largava a janela,
Quando a brisa anunciava uma eminente intempérie
E sombras reluziam e dançavam projectadas nas nuvens.
LINDO POEMA, MEUS PARABÉNS,CONTINUES SEMPRE A NOS BRINDAR!
MarneDulinski

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Artemis

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Prosas/Pensamientos Esboço (I) 0 550 11/18/2010 - 23:56 Portuguese
Poesia/Fantasía O demónio que coexiste em nós (III) 2 488 03/02/2010 - 22:00 Portuguese
Poesia/Fantasía O demónio que coexiste em nós (II) 2 473 03/02/2010 - 21:48 Portuguese
Poesia/Fantasía O demónio que coexiste em nós (I) 2 456 03/02/2010 - 21:43 Portuguese
Poesia/Meditación Um esgar lôbrego (II) 3 430 02/28/2010 - 17:14 Portuguese
Poesia/General E não quero acreditar... 3 395 02/28/2010 - 16:46 Portuguese
Poesia/Meditación Amensagemdasmalvas 3 534 02/28/2010 - 16:19 Portuguese
Poesia/Gótico Ultra-Romantismo 2 3.840 02/25/2010 - 17:06 Portuguese
Poesia/Meditación Um esgar lôbrego (I) 1 456 02/21/2010 - 16:28 Portuguese
Poesia/Meditación Há dias ... 2 450 02/21/2010 - 16:20 Portuguese
Poesia/General Unicidade (?) 2 528 02/21/2010 - 16:06 Portuguese
Poesia/Desilusión Génesis 2 421 12/24/2009 - 03:40 Portuguese
Poesia/Gótico Vampiric Choice 1 508 12/24/2009 - 03:35 Portuguese
Poesia/Desilusión De criança para criança... 1 445 10/09/2009 - 23:22 Portuguese
Poesia/Fantasía O segredo que se esfuma 2 453 09/28/2009 - 15:44 Portuguese
Poesia/Fantasía Cânticos de Medusa (Cântico III) 2 539 09/28/2009 - 15:13 Portuguese
Poesia/General De criança para criança, ... 4 459 09/28/2009 - 14:33 Portuguese
Poesia/General Forma estranha de compreender e amar 4 478 09/11/2009 - 15:03 Portuguese