O segredo que se esfuma
Janela aberta ao delírio do olhar
Para reverberar a esperança
No sangue claustrofóbico do corpo.
Corriam lentos e dolentes
Os próprios dias.
O vulto não largava a janela,
Quando a brisa anunciava uma eminente intempérie
E sombras reluziam e dançavam projectadas nas nuvens.
O que poderia esperar do conflagrar da noite?
Uma única e absoluta certeza:
A evasiva e a libertação diária.
Há barcos que flutuam despreocupados,
Que se governam em comunhão
Com o rodopio dos ventos de norte e sul,
Com a cadência variável das ondas.
Os Homens que outrora navegavam,
Soçobraram na loucura
E nas profundezas oprimem memórias.
Verdades no limiar da hecatombe:
O Homem é somente lúcido quando
A carência corrói a carne e quebra,
Num colossal frémito, os ossos.
O sangue esvai e o segredo esfuma o segredo.
O vulto funde-se com o abismo,
Profusão do corpo e grãos de terra.
Adeus Inverno eterno da minha existência.
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 455 reads
Add comment
other contents of Artemis
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Prosas/Thoughts | Esboço (I) | 0 | 552 | 11/18/2010 - 23:56 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | O demónio que coexiste em nós (III) | 2 | 496 | 03/02/2010 - 22:00 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | O demónio que coexiste em nós (II) | 2 | 474 | 03/02/2010 - 21:48 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | O demónio que coexiste em nós (I) | 2 | 456 | 03/02/2010 - 21:43 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Um esgar lôbrego (II) | 3 | 431 | 02/28/2010 - 17:14 | Portuguese | |
Poesia/General | E não quero acreditar... | 3 | 396 | 02/28/2010 - 16:46 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Amensagemdasmalvas | 3 | 536 | 02/28/2010 - 16:19 | Portuguese | |
Poesia/Gothic | Ultra-Romantismo | 2 | 3.843 | 02/25/2010 - 17:06 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Um esgar lôbrego (I) | 1 | 456 | 02/21/2010 - 16:28 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Há dias ... | 2 | 450 | 02/21/2010 - 16:20 | Portuguese | |
Poesia/General | Unicidade (?) | 2 | 529 | 02/21/2010 - 16:06 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | Génesis | 2 | 423 | 12/24/2009 - 03:40 | Portuguese | |
Poesia/Gothic | Vampiric Choice | 1 | 509 | 12/24/2009 - 03:35 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | De criança para criança... | 1 | 446 | 10/09/2009 - 23:22 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | O segredo que se esfuma | 2 | 455 | 09/28/2009 - 15:44 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | Cânticos de Medusa (Cântico III) | 2 | 540 | 09/28/2009 - 15:13 | Portuguese | |
Poesia/General | De criança para criança, ... | 4 | 459 | 09/28/2009 - 14:33 | Portuguese | |
Poesia/General | Forma estranha de compreender e amar | 4 | 481 | 09/11/2009 - 15:03 | Portuguese |
Comments
Re: O segredo que se esfuma
Mto giro, quando se permite que o coração vá mais além do que pode dizer a boca sempre resulta em palavras fantasticas... bom quase sempre...
mas neste caso, o que nos brinda neste poema... é grandioso.
Re: O segredo que se esfuma
Artemis!
O segredo que se esfuma
Janela aberta ao delírio do olhar
Para reverberar a esperança
No sangue claustrofóbico do corpo.
Corriam lentos e dolentes
Os próprios dias.
O vulto não largava a janela,
Quando a brisa anunciava uma eminente intempérie
E sombras reluziam e dançavam projectadas nas nuvens.
LINDO POEMA, MEUS PARABÉNS,CONTINUES SEMPRE A NOS BRINDAR!
MarneDulinski