Ecos no Templo Sagrado
I - Incensos
E o ruído alonga-se ao fundo
Há um esboço de sóis dourados
A meus pés…
Encontro no ar ressequido
Um odor d’incensos
A exalar-me os sentidos
Preces e murmúrios
São ecos nas paredes nuas
Que traçam em circulo
Silhuetas de um só corpo
Ouvem-se cânticos primaveris
É o tudo que forma a unidade
Às portas da tríade
De tempos idos
E dos que hão-de vir
Novas cores pintam o céu
São inocências cor de arminho
E uma lágrima que é tudo
Mergulha na pia baptismal
Os olhares misturam-se nas rosas
E as vozes somem-se nos ecos
Fora de tempo…
…E o ruído alonga-se ao fundo
Perco-me nas emoções
Por entre as vestes brancas
Prostradas no chão
E esta dor que me consome o peito…
II-Templo Sagrado
Novos sons pincelam o ar
Ouvem-se os risos das crianças
Elas, têm nos vestidos
A candura dos fios de linho
Eles…nas camisas
O mais pequeno sorri
Mas corre intimidado
Aprendeu a andar há pouco tempo
E não entende que reboliço é este
Encontra-se de frente para o sol
E vê que tudo é tão fácil
E aquelas crianças todas
Que enchiam o largo
Fiquei a olhá-las…
Por me saber também
No meio delas
E o meu xaile de seda
Sobre os ombros traçado
Tem a cor do meu fado
E o ruído alonga-se ao fundo…
Aos beijos e abraços
Seguem-se os olhares cativos
Mas estas crianças não sabem
Quem chega e quem parte
E o sol resguarda-se…
Há um outro templo sagrado
III – Alimento do Corpo e da Alma
E agora o líquido que escorre
Pelos meus lábios
É doce no encontro
Dos vales circundantes
E o ruído alonga-se ao fundo…
Este é outro eco
Qu'emana d'um ventre imaculado
Encontra-se sempre
Quando há sementes vadias
E colheitas tardias
No fim do verão
E os sorrisos das crianças
Ainda lá estão
Dolores Marques
Inspirado num ritual de baptismo...dedicado à minha família
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 1800 reads
Add comment
other contents of ÔNIX
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Meditación | Acordar da Manhã | 2 | 5.371 | 03/22/2018 - 21:16 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Céu | 2 | 3.459 | 03/14/2018 - 21:25 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Vida lá fora | 5 | 4.169 | 03/14/2018 - 21:24 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Saudações | 2 | 3.808 | 03/01/2018 - 10:13 | Portuguese | |
Fotos/Cuerpos | Rendas | 1 | 6.846 | 03/27/2016 - 02:20 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Selváticas Emoções | 0 | 3.131 | 01/17/2012 - 22:36 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Talvez | 2 | 3.504 | 01/17/2012 - 20:35 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Jardins Aquáticos | 1 | 3.123 | 01/04/2012 - 22:07 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Eram rosas os meus olhos | 1 | 3.924 | 12/27/2011 - 22:48 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Verdes lembranças | 0 | 6.632 | 12/15/2011 - 14:50 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Se eu fosse só eu | 0 | 4.277 | 12/09/2011 - 10:19 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Bruma Intemporal | 1 | 3.844 | 12/07/2011 - 01:03 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Eras | 1 | 3.924 | 12/06/2011 - 20:49 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Vão-se os Modos, Esvai-se o Tempo | 0 | 3.093 | 12/01/2011 - 20:29 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Pensamento invulgar | 1 | 3.766 | 11/29/2011 - 23:21 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Dor | 0 | 9.152 | 11/24/2011 - 12:45 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Extraviados | 6 | 4.111 | 11/23/2011 - 11:12 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Bom Dia | 1 | 5.281 | 09/29/2011 - 21:16 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Um nada somente | 1 | 4.385 | 09/14/2011 - 11:23 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Sol da Manhã | 0 | 3.297 | 09/12/2011 - 09:24 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Nu | 0 | 8.541 | 09/07/2011 - 10:07 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Tu | 2 | 8.555 | 08/30/2011 - 00:57 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Só Alma | 1 | 5.806 | 08/26/2011 - 09:23 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | O Avesso de Mim | 2 | 3.818 | 08/23/2011 - 21:26 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Grãos D'Ouro | 3 | 4.235 | 08/23/2011 - 21:22 | Portuguese |
Comentarios
Re: Ecos no Templo Sagrado
Belíssimo poema.
Fixei-me nas crianças, que correm, riem
Tendo por verdades únicas, a de cada momento e a dos afectos.
Que nunca deixemos de ser crianças e
Que um dia todas as crianças possam ter afecto.
bjo
Re: Ecos no Templo SagradoP/Conchinha
Olá meu bom amigo
è verdade o que dizes. Foram elas as crianças que a correr no adro da igreja que me levaram a escrever este poema....
bjs
Matilde D´Ônix
Re: Ecos no Templo Sagrado
Este é outro eco
Qu'emana d'um ventre imaculado
Encontra-se sempre
Quando há sementes vadias
E colheitas tardias
No fim do verão
E os sorrisos das crianças
Ainda lá estão
lindo!
Re: Ecos no Templo Sagrado/gimendhes
gimendhes,
Agradeço a sua participação.
Um beijo
dolores Marques
Re: Ecos no Templo Sagrado
Dolores,
Mais um belo trabalho que nos leva a uma realidade só sua!
Parabéns! :-)
Re: Ecos no Templo Sagrado
Flavia, obrigada pela sua presença e pelo seu comentário
Beijo
Re: Ecos no Templo Sagrado
Como é imensamente bom ler-te. As imagens formam-se vividamente na cabeça. Tens este poder sobre a minha imaginação.
Grande abraço.
Re: Ecos no Templo Sagrado P/analyra
analyra
Que bom poderes visualizar as imagens aqui descritas.
Fico feliz por isso. Obrigada pela tua presença
Beijo
Re: Ecos no Templo Sagrado
Um ritual que se excede pelo aroma a incenso da tuas palavras. E pelos risos das crianças.
Tal como o líquido que te escorre pelos lábios, assim o xaile de seda transformado em casaco de anjo, numa noite inesquecível.
Um beijo.
Re: Ecos no Templo Sagrado P/Anamar
Ana, que lindo o teu comentário. Parece que viveste este momento ao meu lado.
Beijos
Dolores Marques