Soberana És Tu
Esta dor no peito, cavada à nascença
Morte alada, anunciada, branda, indolor, esquecida de mim
Porque me sinto perdida, caminhando sozinha por aí
Se esta dor que me pertence por inteiro
Caminha bem em cima de mim?
Não ta posso dar, nem tão pouco ta confiar
Porque esta dor no peito é pertença minha e de quem ousar
Me amar
Agora que sei que já não pode ser partilhada assim
Com as veias que correm sem pressa e sem certezas de nada ser
A não ser afluentes que caminham para lugar incerto
Muralhas abruptas num cais abandonado
(E esta dor no peito que continua assim…pérfida nas brumas de uma triste cidadela)
Sofro por não me sentir viva nesta fortaleza
Terra que me pertence como eu a ti
E no chão me desfaço e me refaço sempre, porque sim…
Por querer ser morte anónima, diáfana, mas indigente ou simplesmente
Pura afluente no ventre crescente que me carregou um dia
É sim esta dor no peito, que absorveu as lágrimas que verti num dia
Quando já nada me pertencia
E nem tu sabias desta pertença amortalhada em cima de mim
Sabes bem de quem te falo assim
Daquela por quem me abandonaste lá a poente quando o sol se fundiu com o horizonte
E o meu Amor por ti, num dia em muitos os dias que nos tiveram
Muros esbatidos, lamentos escondidos
(Mas esta dor no peito, que ainda me quer viva
Para a vida que há-de vir a ser, uma lágrima que te molhará a face escondida
Que se habituou a esta ausência perdida)
Acomodei-me tanto a estas mudanças, que mudar é recriar a minha dor
Sim esta dor que me cava fundo, sempre que te vais de mim
Ou eu fujo de ti
(Foto de minha autoria - Docas junto ao Parque das Nações)
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 1758 reads
Add comment
other contents of ÔNIX
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Meditación | Acordar da Manhã | 2 | 5.520 | 03/22/2018 - 22:16 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Céu | 2 | 3.626 | 03/14/2018 - 22:25 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Vida lá fora | 5 | 4.495 | 03/14/2018 - 22:24 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Saudações | 2 | 4.000 | 03/01/2018 - 11:13 | Portuguese | |
![]() |
Fotos/Cuerpos | Rendas | 1 | 7.048 | 03/27/2016 - 03:20 | Portuguese |
Poesia/Meditación | Selváticas Emoções | 0 | 3.332 | 01/17/2012 - 23:36 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Talvez | 2 | 3.652 | 01/17/2012 - 21:35 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Jardins Aquáticos | 1 | 3.407 | 01/04/2012 - 23:07 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Eram rosas os meus olhos | 1 | 4.196 | 12/27/2011 - 23:48 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Verdes lembranças | 0 | 7.065 | 12/15/2011 - 15:50 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Se eu fosse só eu | 0 | 4.522 | 12/09/2011 - 11:19 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Bruma Intemporal | 1 | 4.022 | 12/07/2011 - 02:03 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Eras | 1 | 4.094 | 12/06/2011 - 21:49 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Vão-se os Modos, Esvai-se o Tempo | 0 | 3.326 | 12/01/2011 - 21:29 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Pensamento invulgar | 1 | 3.946 | 11/30/2011 - 00:21 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Dor | 0 | 9.371 | 11/24/2011 - 13:45 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Extraviados | 6 | 4.353 | 11/23/2011 - 12:12 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Bom Dia | 1 | 5.498 | 09/29/2011 - 22:16 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Um nada somente | 1 | 4.665 | 09/14/2011 - 12:23 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Sol da Manhã | 0 | 3.799 | 09/12/2011 - 10:24 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Nu | 0 | 8.829 | 09/07/2011 - 11:07 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Tu | 2 | 9.119 | 08/30/2011 - 01:57 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Só Alma | 1 | 5.963 | 08/26/2011 - 10:23 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | O Avesso de Mim | 2 | 3.998 | 08/23/2011 - 22:26 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Grãos D'Ouro | 3 | 4.377 | 08/23/2011 - 22:22 | Portuguese |
Comentarios
Re: Soberana És Tu P/Todos
Adorei os vossos comentários
Um agradecimento muito especial a todos quantos leram e comentaram
beijo
Re: Soberana És Tu
Será a dor um indício? Ou um caminho? Seja como for, é sempre e apenas pertença de quem a sente, e apesar de nunca a querermos, às vezes é nela que nos desculpamos e assim nos salvamos (como ignorantes).
é um prazer imenso...
bjos
Re: Soberana És Tu
Psiuuuu..
Fantástico poema.
E como eu conheço essas dores no peito.
Lindissimo, para ler e guardar...sempre!!
Re: Soberana És Tu
É sim esta dor no peito, que absorveu as lágrimas que verti num dia
Quando já nada me pertencia
E nem tu sabias desta pertença amortalhada em cima de mim...
Maravilhoso ÔNIX.
Tens um talento ímpar para expressar sentimentos...
:-)
Bela foto!
Re: Soberana És Tu
Ônix, que bela escrita!
O caminhar lento (tempo que leio no texto) de uma dor crônica...renitente...persistente...
Como a forma de tua escrita é fidedigna ao conteúdo! Isto intensifica o sentido e a força poética, sem dúvida!
Um beijo, querida.
Re: Soberana És Tu
Belíssimo poema cara poeta talentosa.
Da dor do amor surgem belas e tristes palavras, mas que impregnadas com reflexão revelam palavras que impressioan.
Quem nunca passou por isso?
Um beijo a ti.
Re: Soberana És Tu
Uma dor sofrida, sentida, sangrada n'alma e no peito.
Um poema que transmite tristeza profunda e com rara beleza de expressão.
Lindo adorei.
Re: Soberana És Tu
GOSTEI MUITO DO SEU POEMA, É A PRIMEIRA VEZ QUE LEIO UM POEMA SEU, MEUS PARABÉNS
BJS
MICA
Re: Soberana És Tu
Lindíssimo Poema, gostei muito!
Toda dor de amor é sofrida, mesmo que seja um separação provisória, e tendo na outra ponta do firmamento alguém que assome nessa projeção!
A divisão de um amor é mais sofrida ainda, chegando a ser insustentável...
Linda foto, que se assemelha com o mote do Poema!
Meus parabéns,
Marne
Re: Soberana És Tu
Olá Ônix
Trouxe um poema triste e bonito com uma foto que condiz com o tema.
bjo :-)