Solidão

Nunca se falou tanto de “solidão” como nos últimos tempos. Pelo menos é essa a ideia que tenho, talvez por estar mais atento ou, quem sabe, eu mesmo a sentir de uma forma mais latente.

Temo que se esteja a tornar um problema sério de sanidade pública, visto que os sintomas abrangem as diferentes faixas etárias, já não se tratando de um problema exclusivo das pessoas que atingiram uma idade mais avançada, e que a sociedade as condenou ao isolamento por não serem producentes, colocando-as num departamento onde lhes resta colar fragmentos do passado.

Mas afinal o que é a “solidão”?

Uma necessidade de afirmação, uma tentativa de preservar a nossa identidade num mundo cada vez mais globalizante, em que o indivíduo se perde numa sociedade demasiado competitiva cujos objectivos são números, não havendo espaço a cada um de nós ser um nome...

Cada vez mais nos isolamos.

São os jovens viciados em televisão, em consolas de jogos. Adolescentes reféns de objectivos definidos por pais ausentes, pais que não faltam materialmente, mas que faltam com o tempo, com a companhia necessária nesta fase crucial da sua vida. Os jovens – sem referências, critérios e apoios – acabam por descobrir os modelos em falta na família na televisão, desejando tornar-se estrelas do desporto ou da moda. Este processo que enveredam em busca desenfreada do sucesso, leva-os depois à frustração e ao isolamento, quando as expectativas criadas ilusoriamente não se concretizam.

São casais que se separam, havendo sempre um membro, quando não os dois, que tendem a vitimizar-se, a isolar-se, a fazer o papel do “coitado” que foi abandonado, num grito desesperado de socorro libertado na tentativa de colher a simpatia alheia, que se preocupa em ajudar quem está só.

São pessoas que se refugiam por insegurança, de forma a se libertarem das suas angústias e frustrações quotidianas. Pessoas que não renunciam à sociedade, aos seus comportamentos, mas que se auto impõem ao isolamento pelo medo de não se enquadrarem nos padrões culturalmente estabelecidos.

Por vezes a tão proclama "solidão" são os cinco minutos de fama, protagonismo da nossa prodigiosa mente, de chamar a atenção do outro lado da mesma questão... "os que se preocupam em ajudar os coitadinhos da solidão”.

A solidão estará porventura a tornar-se na nossa vaidade suprema, confundimos a noção de solidão, aquele isolamento voluntário de renúncia á sociedade a caminho eremita.

No entanto, estou aqui a falar de um tema, neste local de primazia aos que se dizem na solidão...
Não tenham pena cá do "coitadinho", pois eu já o faço por mim.

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Sábado, Noviembre 15, 2008 - 00:40

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nomada

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Comentarios

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Re: Solidão

Adorei o tema e o texto... Temos sempre a tendência ao sentimento de pena e de coitadinho, mas realmente, e falando por mim própria, ninguém me consegue fazer mais mal do que eu a mim...

Beijo

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Re: Solidão p/ VeraSilva

Fico contente ao saber que gostaste :-)

Não estás sozinha, reconheço também em mim essa auto-punição de que falas...

Beijo.

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Re: Solidão

Solidão é não saber aproveitar o tempinho que é só nosso por excelência...sozinhos ou acompanhados!

bj

breizh

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Re: Solidão p/ Breizh

:-)

Obrigado pelo teu coment.

Beijo.

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Re: Solidão

Uma perspectiva de solidão tão presente a todos de nós, não deixa de ser caricata essa perspectiva evolutiva...é só números!e nos fundo não passamos de uns "coitadinhos"

Excelente texto, quer pelo tema, quer pela pela forma como o escreves.

Beijo

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Re: Solidão p/ MariaTreva

Sinais dos tempos, digo eu habitualmente...

Obg pelo teu coment. :-)

Beijo

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