As Intempéries do Pensamento e o Infinito Mundo das Estrelas

Somos a dor que se enfileira nos caminhos da eterna saudade, em constante alucinação. Se formos o centro e se nos mantivermos numa rotação uniforme, mas ausentes na forma, este será um estado que nos fará emergir em absoluto, no mundo infinito das estrelas.

Na elasticidade dos nossos movimentos, somos um só peso que cobre o manto sobre a crosta terrestre. Contém a adversidade de opiniões que nos sustenta de uma forma ou de outra dentro do nosso Universo – aquele que nos faz ser na angústia dos dias, nas manhãs abafadas pelo ilusório de tudo e nas crateras de um sol extinto, já no fim do verão. Perturbações várias, que nos conduzem por qualquer realidade que se alonga num olhar inconsequente ou sentir no corpo a mancha escura num tom de pele sóbrio.

Curtidos os momentos resplandecentes que se erguem de braços abertos aos rios, aos mares, ás montanhas e semeiam a cor dos gestos nos jardins da nossa imaginação.

A terra em constante renovação a ascender os planaltos, sustentada pelo universo inteiro ainda em construção e que sobrevoa os céus envolta por mares, desertos e mistérios insondáveis. Materializam-se os sonhos que nas realidades alternativas me rondam o espaço contundente e confundo-me neste que é um movimento oposto, àquele em que sopra o vento. E se pensar que este é um Universo dentro de outros universos, serei sempre um mundo dentro de um mundo a descobrir, nos focos direccionados para aquilo que é, o meu devir.

Gosto de me sentir cobrada pela terra que verei nascer e de me sentar á espera que as vozes se escoem à passagem do tempo. Só um eco difuso, me fará continuar sempre na divisão do mundo em pedaços. Sou a loucura antagónica que sobrevive às intempéries do pensamento e este é um sonho que sobrevive à passagem da aurora.
Deixai-me ser mais do que este sonho que se ergue no templo.

- Vestirei as indumentárias gastas e apodrecidas nos calabouços de outro sonho.

- Tocarei as hastes engalanadas do saber que se reproduzem em sementeiras que germinam nas entranhas putrificadas e ausentes na forma.

- Abafarei as torres que alimentam o abismo imergente nos mares e continuarei a defendê-lo, ofertando-me. O meu corpo será uma égide contra a solidão dos povos e das inconsequentes variações do tempo.

Dolores Marques



Guardian Spirit - David & Steve Gordon

(Todos os meus textos e poemas têm direitos de autor registados)

Submited by

Lunes, Marzo 2, 2009 - 23:39
Sin votos aún

ÔNIX

Imagen de ÔNIX
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 13 años 8 semanas
Integró: 03/26/2008
Posts:
Points: 3989

Comentarios

Imagen de Anonymous

Re: As Intempéries do Pensamento e o Infinito Mundo das ...

Já tinha lido este texto, na altura que o li, penetrou-me! Não o comentei na hora porque na altura não tive palavras para o fazer. Agora, também não tenho, mas continua dentro de mim.

Beijo

Imagen de Anonymous

Re: As Intempéries do Pensamento e o Infinito Mundo das ... P/D

"E se pensar que este é um Universo dentro de outros universos, serei sempre um mundo dentro de um mundo a descobrir, nos focos direccionados para aquilo que é, o meu devir."

No devir das tuas palavras, és e serás um mundo a descobrir...

Fabuloso!

beijo

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of ÔNIX

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Meditación Acordar da Manhã 2 5.450 03/22/2018 - 21:16 Portuguese
Poesia/Amor Céu 2 3.562 03/14/2018 - 21:25 Portuguese
Poesia/Meditación Vida lá fora 5 4.386 03/14/2018 - 21:24 Portuguese
Poesia/Dedicada Saudações 2 3.911 03/01/2018 - 10:13 Portuguese
Fotos/Cuerpos Rendas 1 6.963 03/27/2016 - 02:20 Portuguese
Poesia/Meditación Selváticas Emoções 0 3.275 01/17/2012 - 22:36 Portuguese
Poesia/Meditación Talvez 2 3.599 01/17/2012 - 20:35 Portuguese
Poesia/Meditación Jardins Aquáticos 1 3.312 01/04/2012 - 22:07 Portuguese
Poesia/Meditación Eram rosas os meus olhos 1 4.063 12/27/2011 - 22:48 Portuguese
Poesia/Meditación Verdes lembranças 0 6.832 12/15/2011 - 14:50 Portuguese
Poesia/Meditación Se eu fosse só eu 0 4.381 12/09/2011 - 10:19 Portuguese
Poesia/Meditación Bruma Intemporal 1 3.946 12/07/2011 - 01:03 Portuguese
Poesia/Meditación Eras 1 4.040 12/06/2011 - 20:49 Portuguese
Poesia/Meditación Vão-se os Modos, Esvai-se o Tempo 0 3.229 12/01/2011 - 20:29 Portuguese
Poesia/Meditación Pensamento invulgar 1 3.814 11/29/2011 - 23:21 Portuguese
Poesia/Meditación Dor 0 9.293 11/24/2011 - 12:45 Portuguese
Poesia/Meditación Extraviados 6 4.223 11/23/2011 - 11:12 Portuguese
Poesia/Meditación Bom Dia 1 5.438 09/29/2011 - 21:16 Portuguese
Poesia/Tristeza Um nada somente 1 4.516 09/14/2011 - 11:23 Portuguese
Prosas/Otros Sol da Manhã 0 3.659 09/12/2011 - 09:24 Portuguese
Poesia/Amor Nu 0 8.751 09/07/2011 - 10:07 Portuguese
Poesia/Amor Tu 2 9.030 08/30/2011 - 00:57 Portuguese
Poesia/Meditación Só Alma 1 5.908 08/26/2011 - 09:23 Portuguese
Poesia/Meditación O Avesso de Mim 2 3.937 08/23/2011 - 21:26 Portuguese
Poesia/Meditación Grãos D'Ouro 3 4.300 08/23/2011 - 21:22 Portuguese