Um Nada Dentro de Tudo O Que Existe no Céu

Um livro para leitura da alma de quem escreve, início da escrita sobre a leitura de quem lê. A escrita é só o que me resta, nesta loucura em que me encontro sem saber nada de mim e do que me leva a estar aqui, neste mundo das palavras que trazem cor, emoção e alguma dor junto ao coração. O teu olhar, delineado por mim pinta a cor dos meus dias, o timbre da tua voz eco no meu corpo trémulo e o calor do teu corpo um afago no frio da minha alma. O que a leitura de um livro me traz em dias de solidão, toma conta de mim! És um livro, e eu sou quem te lê e se revê nele. Dar corpo às páginas soltas que avivam a cor dos meus olhos, me confina ás dores do desejo, do amor contido nas palavras. Parei num ponto em que acredito poder amar o que és, ou um registo presente num tempo em que fomos um.

Fui até às vistas da minha janela, e olhei o céu. Está um azul nítido, brilhante e pergunto-me agora porque o céu é azul? Intuo que está ligado á minha capacidade de criar e elevo o meu olhar, pinto nele traços leves da tua silhueta; os teus olhos doces, a força do fogo, chama que aflora no teu coração, sentindo ainda em mim aquela sensação forte, aquele tremor, um vulcão agitado e continuado. Esta é a comunicação que pretendo ter através das páginas do teu livro, a intuição que recebo colorida, em tons de azul de um céu que empresta nas cores da noite, esta capacidade de amar, de perdoar, de sentir compaixão. O que sei de mim, é um nada dentro de tudo o que existe no céu. Mas, as cores deste céu, também podem mudar a minha silhueta nas noites em que não tenho o calor das tuas mãos no meu corpo e me fazem render àquilo que julgo ser uma ilusão. O amor que deixa marcas pelo chão, me toma sem medida, junto ao baú onde guardo as lembranças do que foi, aguardando pelo que será, no sótão que se esconde na minha imaginação.
Tendo agora as cores que pintam o céu, eu escolho esta parte do meu corpo, para terminar num ponto onde inventamos as palavras, fruto da tua criação. Nesta vibração, alta frequência dos sentires, compomos um cenário num palco sem figuração, criamos as formas e pintamos as cores do desejo, e o meu sexto sentido, revela-se agora através da terceira visão.

Um longo alcance entre o que sou e o que vejo, através de mim e de ti no meu ângulo de visão, onde sou eu e tu, unificação transpondo os portais, rumo ao centro de uma viagem indefinida, entre o sim e o não.

(In "Às Escuras Encontro-te")

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Viernes, Febrero 12, 2010 - 15:35

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Re: Um Nada Dentro de Tudo O Que Existe no Céu

Extraordinário

epá não sei o que te diga...nem sequer vou forçar um comentário que não me sai e que mereces
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bjos

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Re: Um Nada Dentro de Tudo O Que Existe no Céu P/Jopeman

Olá João

Um carinho teu sempre aceite, e para mim, do melhor

beijo

Imagen de RobertoEstevesdaFonseca

Re: Um Nada Dentro de Tudo O Que Existe no Céu

Matilde.

Um primor de texto.

Parabéns,
Beijo,
Roberto

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Re: Um Nada Dentro de Tudo O Que Existe no Céu P/REF

REF

Um gosto a sua visita

beijo e obrigada

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