Na minha terra

Laisse-toi donc aimer! Oh! l'amour c'est la vie!

C'est tout ce qu'on regrette et tout ce qu'on envie,
Quand on voit sa jeunesse au couchant décliner!

La beauté c'est le front, l'amour c'est la couronne:
Laisse-toi couronner!
V. HUGO

I

Amo o vento da noite sussurrante
A tremer nos pinheiros
E a cantiga do pobre caminhante
No rancho dos tropeiros;

E os monótonos sons de uma viola
No tardio verão,
E a estrada que além se desenrola
No véu da escuridão;

A restinga d'areia onde rebenta
O oceano a bramir,
Onde a lua na praia macilenta
Vem pálida luzir;

E a névoa e flores e o doce ar cheiroso
Do amanhecer na serra,
E o céu azul e o manto nebuloso
Do céu de minha terra;

E o longo vale de florinhas cheio
E a névoa que desceu,
Como véu de donzela em branco seio,
As estrelas do céu.

II

Não é mais bela, não, a argêntea praia
Que beija o mar do sul,
Onde eterno perfume a flor desmaia
E o céu é sempre azul;

Onde os serros fantásticos roxeiam
Nas tardes de verão
E os suspiros nos lábios incendeiam
E pulsa o coração!

Sonho da vida que doirou e azula
A fada dos amores,
Onde a mangueira ao vento que tremula
Sacode as brancas flores...

E é saudoso viver nessa dormência
Do lânguido sentir,
Nos enganos suaves da existência
Sentindo-se dormir...

Mais formosa não é, não doire embora
O verão tropical
Com seus rubores... a alvacenta aurora
Da montanha natal...

Nem tão doirada se levante a lua
Pela noite do céu,
Mas venha triste, pensativa e nua
Do prateado véu...

Que me importa? se as tardes purpurinas
E as auroras dali
Não deram luz às diáfanas cortinas
Do leito onde eu nasci?

Se adormeço tranqüilo no teu seio
E perfuma-se a flor,
Que Deus abriu no peito do poeta,
Gotejante de amor?

Minha terra sombria, és sempre bela,
Inda pálida a vida
Como o sono inocente da donzela
No deserto dormida!

No italiano céu nem mais suaves
São da noite os amores,
Não tem mais fogo o cântico das aves
Nem o vale mais flores!

III

Quando o gênio da noite vaporosa
Pela encosta bravia
Na laranjeira em flor toda orvalhosa
De aroma se inebria...

No luar junto à sombra recendente
De um arvoredo em flor,
Que saudades e amor que influi na mente
Da montanha o frescor!

E quando, à noite no luar saudoso
Minha pálida amante
Ergue seus olhos úmidos de gozo
E o lábio palpitante...

Cheia da argêntea luz do firmamento,
Orando por seu Deus,
Então... eu curvo a fronte ao sentimento
Sobre os joelhos seus...

E quando sua voz entre harmonias
Sufoca-se de amor
E dobra a fronte bela de magias
Como pálida flor...

E a alma pura nos seus olhos brilha
Em desmaiado véu,
Como de um anjo na cheirosa trilha
Respiro o amor do céu!

Melhor a viração uma por uma
Vem as folhas tremer,
E a floresta saudosa se perfuma
Da noite no morrer...

E eu amo as flores e o doce ar mimoso
Do amanhecer da serra
E o céu azul e o manto nebuloso
Do céu da minha terra!

Submited by

Martes, Abril 14, 2009 - 00:31

Poesia Consagrada :

Sin votos aún

AlvaresdeAzevedo

Imagen de AlvaresdeAzevedo
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 14 años 21 semanas
Integró: 04/14/2009
Posts:
Points: 303

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of AlvaresdeAzevedo

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Fotos/Perfil Alvares de Azevedo 0 1.966 11/24/2010 - 00:37 Portuguese
Poesia Consagrada/Cuento Noite na Taverna (Capítulo IV — Gennaro) 0 2.091 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/Cuento Noite na Taverna (Capítulo V — Claudius Hermann) 0 2.555 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/Cuento Noite na Taverna (Capítulo VI — Johann) 0 1.936 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/Cuento Noite na Taverna (Capítulo VII — Último Beijo de Amor) 0 1.523 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/Cuento Macário - Introdução 0 1.463 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/Cuento Macário - Primeiro episódio 0 1.230 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/Cuento Macário - Segundo episódio 0 1.281 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Sombra de D. Juan 0 1.337 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Na várzea 0 1.250 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General O editor 0 1.467 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Oh! Não maldigam! 0 1.739 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Dinheiro 0 1.438 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Adeus, meus sonhos! 0 1.459 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Minha desgraça 0 1.550 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Página rota 0 1.272 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/Cuento Noite na Taverna (Capítulo I — Uma noite do século) 0 1.560 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/Cuento Noite na Taverna (Capítulo II — Solfieri) 0 2.033 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/Cuento Noite na Taverna (Capítulo III — Bertram) 0 3.106 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Panteísmo 0 1.148 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Desânimo 0 1.221 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General O lenço dela 0 1.291 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Relógios e beijos 0 1.532 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Namoro a cavalo 0 1.678 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Pálida imagem 0 1.332 11/19/2010 - 16:52 Portuguese