Espera!

Quem há no mundo que aflições não passe,
Que dores são suporte?
Mais ou menos d'angústias cabe a todos,
A todos cabe a morte.

A vida é um fio negro d'amarguras
E de longo sofrer;
Semelha a noite; mas fagueiros sonhos
Podem de noite haver.

Por que então maldiremos este mundo
E a vida que vivemos,
Se nos tornamos do Senhor mais dignos,
Quando mais dor sofremos?

Quantos cabelos temos, ele o sabe;
Ele pode contar
As folhas que há no bosque, os grãos d'areia
Que sustentam o mar.

Como pois não será ele conosco
No dia da aflição?
Como não há de computar as dores
Do nosso coração?

Como há de ver-nos, sem piedade, o rosto
Coberto d'amargura;
Ele, senhor e pai, conforto e guia
Da humana criatura?

Se o vento sopra, se se move a terra,
Se iroso o mar flutua;
Se o sol rutila, se as estrelas brilham,
Se gira a branca lua;

Deus o quis, Deus que mede a intensidade
Da dor e da alegria,
Que cada ser comporta — num momento
D'arroubo ou d'agonia!

Embora pois a nossa vida corra
Alheia da ventura!
Além da terra há céus, e Deus protege
A toda criatura!

Viajor perdido na floresta à noite,
Assim vago na vida;
Mas sinto a voz que me dirige os passos
E a luz que me convida.

Submited by

Lunes, Abril 27, 2009 - 03:24

Poesia Consagrada :

Sin votos aún

AntonioGoncalvesDias

Imagen de AntonioGoncalvesDias
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 14 años 13 semanas
Integró: 04/27/2009
Posts:
Points: 288

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of AntonioGoncalvesDias

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Fotos/Perfil Gonçalves Dias 0 1.372 11/23/2010 - 23:37 Portuguese
Poesia Consagrada/General Rosa no mar! 0 1.043 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Sempre ela 0 1.094 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Se muito sofri já, não me perguntes 0 956 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/Amor Se se morre de amor 0 1.958 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Sobre o túmulo de um menino 0 988 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Voltas e mortes glosados 0 1.247 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Zulmira 0 1.204 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Minha terra! 0 1.231 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Não me deixes! 0 955 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General No jardim! 0 1.120 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/Amor O Amor 0 1.799 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General O Gigante de Pedra 0 1.008 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Oh! Que acordar! 0 1.043 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Olhos Verdes 0 1.080 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General O que mais dói na vida 0 1.001 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Palinódia 0 1.027 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Pensas tu, bela Anarda, que os poetas 0 1.463 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Que me Pedes 0 1.071 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Retratação 0 1.426 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Rola 0 1.514 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General A Tempestade 0 1.219 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General As artes são irmãs 0 1.056 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General As duas coroas 0 1.516 11/19/2010 - 15:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Canção 0 1.105 11/19/2010 - 15:54 Portuguese