O Demônio Interior

I

Acabamos de romper o brilho da meia-noite
Pegue a autopista rumo ao nascer do sol
A noite está longa demais.
Quero ver o que aconteceu com sua falsa vida
Embalada por abraços engasgados.
Sei que tento purificar-me,
Por isso envenenei o tempo,
Atropelei minhas memórias,
Que nem tive tempo para arrependimentos.

Pegue a autopista.

Pessoas estão sofrendo aborto na lama
E eu estou anestesiado:
Não sinto piedade
Não sinto amor
Não tenho compaixão.

Você e seus amigos estão mutilados,
Tentando se libertar, apesar de não haver prisão.

Suma da minha visão.

Procure a sua salvação longe de mim.
Sou uma influência má,
Salvei-me quando perdi-me...
Há!Há!Há!Há!Há!
Estou livre agora,
Rumo ao nascer do sol.
Vou romper o calor da luz.

Alguns nascem para leves matizes,
Outros são sombras perdidas na noite torpe.
Não vejo vitória nenhuma nisso, só libertação.

Suma da minha visão.

O motor é forte
Vou romper o calor da luz!

II

Aproximei-me dos olhos da casa
E, finalmente consegui olhar para dentro da prisão do corpo,
Enquanto outros olhavam para o exterior.

Flores estão suspensas
A raiva está sepultada
O silêncio foi criado pela falta da fala...
A prisão da voz nos recônditos.
E, mesmo assim ainda existo,
E procuro abrigo nas entranhas da existência.

Isolado rezei a minha sede,
Quando bebi a essência do turbilhão da vida.
Mas com o tempo, percebi que ser tudo,
É andar para algum paraíso sem saber que ele existe.
Quebrei o pacto com o mestre da vida
Para criar minha própria geração maternal
E me transformar “nos pais” deste meu filho,
Que é o meu ser.
Nascer, nascer
Queimar, queimar
Sentir, sentir
Feche os olhos.

III

Nesta noite fechei os meus olhos para ressuscitar o meu outro olhar.
De repente surgiu do nada a sua sombra sem face.
O coração se tornou o monstro do som,
Não era o mesmo tom
Não era o mesmo ritmo.
Dissuadido pelo ritual,
O corpo caiu febril perante o Demônio do acaso.
Ele me disse:
Ás vezes morremos para acordar,
Acordar não é abrir os olhos
E sim, levantar-se quando a aurora da verdade,
Com gentileza
Sussurrar no seu ouvido, o que todos tiveram medo de ousar.

Estou desenterrando os mortos
Com a pá de minhas unhas.
Quero despertá-los,
Mas antes estou tentando me desenterrar.

O Rei Lagarto dormiu liberto
Quando sua alma foi levada pelas asas negras da morte
Atormentada, foi cedo.
Voou acima das cabeças dos tolos
Seguiu pela corrente das nuvens.
Habita abaixo, onde ninguém ousou habitar.
Depois disso:
Levantaram-se e bateram palmas para ele
Ajoelharam-se em arrependimento.

A maneira de viver tem diversos caminhos.

Ela já apareceu para mim uma vez,
Só que não entendi suas palavras.
Sua fala era urânio de tão rara
E de um poder oculto.

Vivi depois que morri
E nisto se passaram quatro anos.
Depois disto:
O fascínio da cidade suspensa pela noite
Sobre o pêndulo do luar
Ressuscitou meu ser interior.
E mesmo assim, os mortos estão nas covas,
E os morcegos têm medo de morar fora das cavernas,
E a coruja não se despede da escuridão
Para continuar gorando alegrias falsas.

IV

Caminhei um tempo com a sua ausência,
Quando todos descobriram
Que eu libertei o meu Demônio Interior,
Quando todos viram
O meu Demônio Interior,
Tentaram de diversas formas
Despertar de suas trevas interiores
Os seus próprios Demônios Interiores.
Vieram até mim
E virado de costas com minhas vestes negras
Disse para calarem suas mentes,
E que o caminho é não explorar a mente.

A mente é o Deus em seu inferno
Por amar o seu homem – seus filhos.

Quando me virei
A aura negra de meu ser
Deixou à mostra apenas os meus olhos.
Não falei nada,
O meu cérebro vibrou minha mensagem:
Vocês não são dignos,
Morrerão e se perderão.
Suas almas estão dilaceradas.

Vocês são seus próprios reflexos
E nada mais.

À minha já ida, mas eternamente tão vinda, Ana.

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Miércoles, Diciembre 16, 2009 - 23:10

Ministério da Poesia :

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