Desculpa
Peço desculpa por se eu
De ser um animal com emoções confusas,
De ser o indesejável,
Até, aquele que ninguém gosta
E de me ter tornado, naquilo que chamam (indesejável…
Desculpo-me de ser assim
De ser… não a flecha, mas sim o arco
Que não pode ser atirado para o infinito.
De transbordar a minha existência
E autoconsomir-me num infinito que desejo
Por ter-te olhado com olhos laços
Mas verosímeis, naquele momento (que tu sabes qual foi….
Aquele, no qual, senti um aperto que me desfez
E após tanto tempo de solidão
GOSTO DE ALGUEM!
Agora sou obrigado a ficar eternamente só.
Num sufoco sem misericórdia,
Como o chilrear aflito, de crias de condor
Como foram belas as rosas que nunca te dei!
Naquele horizonte distante, onde mora a nostalgia em mim,
E o medo vive nas minhas entranhas…
E morro só por não te dizer o que sinto!
Escrevo sem vontade,
Sou um touro numa arena, com visão ensanguentada
Com a rês dorida de tanta pancada.
As bandarilhas dançam no meu lombo
Num samba imparável ou a tarantela que não cessa (e isso dói….
Infelizmente, não tenho apenas,
A mínima misericórdia de mim,
Devo ficar eternamente assim,
Sem amor, sem sombra neste infinito que sou!
Lamento-me e desculpo-me do animal que sou,
Ser enjaulado numa grade (onde não me posso deitar nem ficar de pé….
Da qual saí com uma ânsia abismal
Querendo desfazer o mundo e
Fiquei desfeito pela solidão,
Mas enfim….
Estou confinado a ser sombra
Numa sombra mais escura que a minha
Na qual serei consumido ad eterno.
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Comentarios
Re: Desculpa
Um poema com arte, razão e sentimento!!!
:-)
Re: Desculpa
Nunca se deve pedir desculpa por sermos um animal com emoções confusas.
Ser animal faz parte da essência do Homem e confuso, desconfiado, perdido, analisando todas as perspectivas e ficando baralhado é temporariamente um estado natural e saudável.
Quem tem a certeza de tudo é que é uma autêntica confusão que dá pelo nome de irracionalidade!...
Ao ler o poema veio-me à cabeça uma imagem de um ser humano a sair de um ovo. A saída é dolorosa, respira-se o ar pela primeira vez, temos de partir a casca da hipocrisia, dos preconceitos da falsidade, do isolamento, mas depois o ser frágil (que também és) fortifica-se, bate as asas do pensamento e eis que plana em harmonia entre os demais seres...
E alcançado este estado, podes abraçar a alegria que é viver e a tua poesia transformar-se-á num sorriso de combate!
Abraço
Ana Oliveira
Re: Desculpa
O retrato da agonia, de uma morte anunciada...
Muito bem archangel!
Continue a maravilhar-nos com os seus textos.
Abraço