AS DOZE BADALADAS DA LUA
Cruzei-me contigo na Baía
Caminhavas
Só e sereno, sem medo
À beira mar
E suspiravas ao ritmo das ondas
Descalço
Camisa, de branco linho,
livre da prisão da cintura,
dançava ao som do vento
e da aventura
Na companhia de um coro
De melros azuis
De bailarinas gaivotas
E de melodiosas e musicais notas.
E eu avistava-te
Ao longe
Bela escultura
De calças arregaçadas
Como que adornadas
com salpicos de mar
Ias deixando
As tuas pegadas
Gravadas na areia molhada
E quando uma onda se espreguiçava
Beijava-te os dedos dos pés
Planta e dorso
Como onda que inunda o convés
Deixando não...,
não no pescoço,
feminina marca de batom
de uma qualquer menina enciumada,
pois não seria de bom-tom
Mas…bom...sim
O toque das ondas
Que deixavam a pontinha
de cada dedo salgada,
cravejada de pedrinhas
tão brilhantes como diamantes.
E eu não sei se esboçava o que via ou o que sentia
Cada vez, de mim, mais perto
Bela figura.
E, naquele instante,
Senti que invadia os teus
Secretos pensamentos errantes
Simplesmente sonhei-te
Meu marido
E um dia ser tua mulher
Pois senti que eras a peça
Que me faltava, de um coração
E puzzle desfeito
E que tinhas um dom,
Um talento
Um alento
Um jeito
Fora do normal.
Aproximaste-te
E eu recolhi-me
Atrás da tela que pintava
Pois senti-me intrusa
Como que se espreitasse obtusa
, atrás da porta entreaberta,
a vida incerta
que em ti percorria nas veias
de encantador de sereias,
de galã e de atleta
Do teu solitário vaguear
Que permitias ser somente
Vigiado pelas ondas do mar.
E o meu primeiro
Impulso foi fugir
Como que se fosse possível esconder-me
Naquela concha Baía
E sabia que já era tarde
E não via o entardecer no pôr-do-sol,
pois de tão perto
que de mim já estavas
conseguia ver as horas
que em teu fino pulso ostentavas.
Tarde para disfarçar
Que te estava a observar
E tu ali
Já ao meu lado
Debruçado sobre mim
De forma decidida mas delicada
Apertaste os meus finos dedos na tua mão
delgada
Derrubando o pincel
Que na minha tela
te pintava.
Ao teu lado, o tempo voou
Eu tua, a minha alma nua
E juntos permanecemos assim de mãos encaixadas
Até ao bater das doze badaladas da Lua.
Magda Graça
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 1510 reads
Add comment
other contents of Magda Graça
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Amor | NASCER, PARA TI, POEMA | 2 | 1.664 | 03/15/2012 - 20:58 | Portuguese | |
Poesia/Amor | QUANDO O TELEFONE TOCA... | 4 | 4.086 | 09/27/2011 - 19:24 | Portuguese | |
Poesia/Amor | A CASA DOS ESPÍRITOS | 1 | 1.591 | 09/11/2011 - 19:21 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | AMÁ (-) L (I) A | 3 | 1.617 | 06/07/2011 - 02:04 | Portuguese | |
Poesia/Amor | BELÉM... UM PASTEL DESEJO | 1 | 1.782 | 05/22/2011 - 22:11 | Portuguese | |
Poesia/Amor | AS DOZE BADALADAS DA LUA | 1 | 1.510 | 05/20/2011 - 00:01 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | CIDADE PROIBIDA | 1 | 1.408 | 05/19/2011 - 23:56 | Portuguese | |
Poesia/Amor | BEIJO | 2 | 1.442 | 05/16/2011 - 23:30 | Portuguese | |
|
Pintura/Figurativo | A TELA DE SARAMAGO | 1 | 3.199 | 05/16/2011 - 23:19 | Portuguese |
Poesia/Amor | INSPIRA-TE EM MIM... Sou tua | 1 | 1.714 | 05/15/2011 - 16:25 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | PRETO E BRANCO | 1 | 1.412 | 05/15/2011 - 12:06 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | ULTRAMAR | 1 | 2.026 | 05/15/2011 - 11:06 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | LE PETIT... | 0 | 1.431 | 05/15/2011 - 02:44 | Portuguese | |
Poesia/Amor | BEIJINHOS DE CHOCOLATE | 0 | 1.679 | 05/15/2011 - 02:10 | Portuguese | |
Poesia/Amor | SONETOS DE CAMÕES | 1 | 1.127 | 05/15/2011 - 02:09 | Portuguese | |
Poesia/Amor | VERDE VIRGEM | 0 | 1.364 | 05/15/2011 - 02:07 | Portuguese | |
Poesia/Acróstico | MURAL DOS ESCRITORES | 0 | 1.472 | 05/15/2011 - 01:45 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | INSPIRA-TE EM MIM... | 0 | 1.405 | 05/15/2011 - 01:39 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | PORTUGUESA | 0 | 1.417 | 05/14/2011 - 13:26 | Portuguese | |
Poesia/Amor | GEISHA... DE GIOCONDA | 0 | 1.276 | 05/14/2011 - 13:11 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Amor | GEISHA... DE GIOCONDA | 0 | 1.244 | 05/14/2011 - 13:08 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | O Beijo… do VAMPIRO | 0 | 1.546 | 05/14/2011 - 13:03 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Amor | O Beijo… do VAMPIRO | 0 | 1.120 | 05/14/2011 - 13:01 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Fantasía | ALICE… Ali no País da Muralha das Mil Maravilhas | 0 | 1.795 | 05/14/2011 - 12:50 | Portuguese | |
Poesia/Amor | SORRISO | 0 | 1.331 | 05/14/2011 - 11:40 | Portuguese |
Comentarios
Maravilhoso este poema, que
Maravilhoso este poema, que também deve ter provocado doze badaladas no coração.
Beijinho