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Candelária

Na catedral tenho o que rezar,
Depois de viver uma vida que se esqueceu de mim,
Lá temos um lugar
Para entender tudo sobre nosso destino, que se finda assim:

Eu sou a Candelária que abriga a minha alma.
Aquela é a Candelária para nos abrigar.
Perdoe-nos por não saber quem nos chama.

Lá, não temos o que chorar!
Lá, esquecemos que fomos esquecidos!
Lá, temos somente o que rezar!

Somos seres humanos e não foragidos!

Encontrar Deus?
Quem sabe lá!
Encontrar a morte?
Quem sabe lá!

Mulambento e descalço,
Não tenho a água quente de um afago,
Para me limpar e não ser um encalço.
Só sinto a solidão – um estrago.

Mas limpo sim, limpo minhas lágrimas,
Lá! Lá na catedral!
Para engolir poesia em suas rimas,
Esta foi uma breve peça teatral.

Sei que lá não temos motivos para choro.

Não sei o porquê, mas quando olho sua triste arquitetura,
Caio em prantos por ter em minha retina a ruptura
Que força a vida para algum morro
Escondido num paraíso lindo.

Quando eu ouvi a maldade que nos mostrou a morte,
Vi um campo
Uma mãe
Um abraço
Um pai
Um sonho.

Caminhei
Chorei
Senti
Rezei sem saber rezar
Encontrei o amor
Esqueci a dor.

Vi outra vida feliz se formar através das palavras do padre,
Apesar dele não gostar da nossa presença por lá.
Somente nós que estávamos morrendo, conseguimos passar.
Candelária – um portal imenso e nobre.

Adeus Candelária, adeus Candelária!
Vivo agora uma vida incandescente,
Que esconde a sombra do acaso – sabia que morreria,
Para caminhar junto da minha mãe recente.

Quem sabe lá!
Quem sabe lá!

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quarta-feira, dezembro 16, 2009 - 21:14

Ministério da Poesia :

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FranciscoEspurio

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