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A Filha de Maria Angu– Ato primeiro - Cena V

Cena V

Os mesmos, Bitu

Botelho - Então já saiu do xilindró, Nhonhô Bitu?

Bitu - Olé! que chiquismo!

Guilherme - Mais dia, menos dia, o senhor é enforcado ali ao Largo da Matriz!

Bitu - Não creia nisso, Mestre Guilherme; fui hoje solto pela qüinquagésima; mas é muito provável que me prendam daqui a pouco, logo que se distribua o Imparcial, para ser solto amanhã. E que fazem vocês, infelizes filhos de Maria Angu? Que fazem vocês, que não reagem contra as arbitrariedades de um burlesco fanfarrão, arvorado em autoridade policial? Mas, ora adeus! diz o ditado “o boi solto lambe-se todo”; eu mesmo preso lambo-me bem...

Barnabé - Então você é boi?

Bitu - Já estabeleci na Câmara Municipal, isto é, na cadeia, o meu escritório de redação.

Cardoso - Mas o senhor quem é e de onde veio, não nos dirá?

Bitu - Pergunta-me bem a quem não lhe pode responder. Todos sabem a minha história, menos eu, que ignoro quem sou, de onde vim e para onde vou. Aqui onde me vêem está um grande homem! Abraço as idéias do século e pugno pela nobre causa da democracia! Em 1867 tentei proclamar uma pequena república na Ilha dos Ratos! Foi a falta de metal sonante que me privou de fazer lavrar a minha santa propaganda...

Barnabé (À parte.) - Santa propaganda! nunca vi esta santa na folhinha!

Bitu - Mas para que todo este aparato?

Barnabé (À parte.) - Um bonito nome! Propaganda!

Chica (A Bitu.) - Temos hoje um casório.

Barnabé (À parte.) - Quando tiver uma filha, hei de chamá-la Propaganda!

Botelho (Mostrando Barnabé.) - E o futuro está presente.

Bitu - Pois é este paspalhão? Estou passado!

Barnabé - Paspalhão é ele!

Bitu - Meus sinceros parabéns, mestre Barnabé.

Barnabé - Aceito os parabéns, mas engula, engula o paspalhão!

Bitu - Pois engulo, essa não seja a dúvida.

Barnabé - E não engolisse!

Bitu - E com quem se casa este pax-vobis?

Barnabé (Entre dentes.) - Insolente!

Cardoso - A noiva é nossa filha.

Chica - A filha dos Operários da fábrica!

Todos - Clarinha!

Bitu - Clarinha? Ah! é a Clarinha? (Inclinando-se diante de Barnabé.) Nova edição de parabéns!

Botelho - A propósito, meu escrevinhador de gazetas; tenho a lembrar-lhe que a honra de nosso futuro genro nos é tão preciosa como a nossa, ouviu?...

Cardoso - E que se algum pelintra tivesse o desaforo de ... Percebe?

Guilherme - Tinha de se haver conosco, entende!

Os Homens - Com Todos nós!

As Mulheres - E então nós!

Bitu - Que querem vocês dizes na sua?

Cardoso - Simples advertência, Nhonhô. Agora rapaziada, vamos embora!

Todos - Vamos embora!

Coro - Arrogante petulante, etc., etc., (Saem Todos.)

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quarta-feira, abril 15, 2009 - 22:12

Poesia Consagrada :

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ArturdeAzevedo

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