CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

A Filha de Maria Angu– Ato primeiro - Cena VII

Cena VII

Bitu, Clarinha, Babu

Bitu (Á parte.) - Ela!

Clarinha (A Babu.) - Ouviste bem? Está alerta!

Babu - Eh, eh, Sinhazinha! Veja o que faz!

Clarinha - Fica ali na esquina, e, se os vires, vem dizer-me depressa.

Babu - Ah, Sinhazinha! No dia do seu casamento! (À parte.) O que fará depois? (Sai.)

Clarinha (Indo resolutamente a Bitu.) - Então? Não me cumprimentas pelo meu vestuário?

Bitu (Friamente.) - Minha senhora...

Clarinha - Não gostas de me ver assim vestida?

Bitu - Se queres que te fale com franqueza...

Clarinha - O caso é que a estas horas eu já devia estar casadinha da silva...

Bitu (Tristemente.) - Casada...

Clarinha - Mas achei um pretexto para demorar a cerimônia: escrevi uma carta anônima ao vigário.

Bitu - E a cerimônia foi transferida à última hora?

Clarinha - Infelizmente a carta não produziu um resultado completo.

Bitu - E agora?

Clarinha - É preciso procurar outro pretexto; não achas?

Bitu - Se eu achasse, estava tudo arranjado.

Clarinha - Não te lembras de nenhum?

Bitu - O mais simples é este: declaras que morres por mim e que eu morro por ti; que somos dois morrões, como dizia o outro.

Clarinha - Mas não me havias pedido que guardasse segredo?

Bitu - Então não sabes por quê? Porque nada sou, porque não tenho onde cair morto... não passo de um simples jornalista da roça. A propósito: aqui tens o número de hoje do Imparcial. Tem de ser distribuído daqui a pouco. Estou só a espera do entregador; não o mostres por ora a ninguém.

Clarinha (Guardando o jornal.) - Eu já recusei dezenove pretendentes. Bem sabes que meus pais e minhas mães fazem empenho em meu casamento com Barnabé. Eu não tinha motivo algum para recusá-lo, e, se o recusasse, seria afligi-los. Que me restava a fazer, se devo tudo àquela boa gente?

Bitu - Casas por gratidão, não é assim?

Clarinha - Não! não me caso, mesmo porque, se o fizesse, tu suicidavas-te.

Bitu (Tirando uma grande faca.) - E suicido-me!... (Como quem quer cortar o pescoço.)

Clarinha - Acredito... acredito... guarda a faca! (Fá-lo guardar a faca.) Vê o dilema em que me acho; se me caso, matas-te; se não me caso, desgosto a meus pais e minhas mães. Ah! se minha verdadeira mãe estivesse em meu lugar, outro galo cantaria!

Bitu - Quem? Maria Angu?

Clarinha - Era mulher decidida! Para ela não havia obstáculo possível!

Bitu - Como diabo se sairia a velha deste entalação?

Clarinha - É nisso que estou parafusando...

Bitu - Parafusemos...

Dueto

Ambos - Esse pretexto desejado

Encontraremos, tu verás,

Pois diz um célebre ditado

Que a união a força faz.

Clarinha - Posso dizer que estou doente

Bitu - Isso não pega! Tens tão boa cor!

Clarinha - Vou procurar coisa melhor.

Bitu - Esse pretexto é deficiente.

Clarinha - Não! Não! Dificultoso está!

Maria Angu teria achado já!

Ambos - Maria Angu teria achado já!...

Bitu - Se o Barnabé, o teu futuro,

Exp’rimentar a força do Bitu?

Clarinha - Queres dar-lhe?

Bitu - Hein? que dizes tu?

Creio que enfim achei um furo!

Clarinha -Não! Não! Dificultoso está!

Maria Angu teria achado já!...

Ambos -Maria Angu teria achado já!...

Bitu - Ao Barnabé prevenirás,

Para ver se te renuncia,

Que tu, mais dia menos dia,

O enganarás...

Clarinha - Isso se faz...

Mas sem se dizer.

Bitu - Então não sei que possamos fazer!

Clarinha - Eu tenho um meio extraordinário

Que pode evitar tamanho desgosto:

No momento em que o S’or Vigário

Perguntar se caso por gosto,

Em vez de “sim”, eu direi”não”!

Bitu - Tu dirás “não”?

Clarinha - Eu direi”não”!

Bitu -‘Stá dito então!

Ah! que alegria em mim nasce!

Quero beijar-te a rubicunda face!

Clarinha - Vê que estou vestida assim!

Não queiras beijos de mim!

Bitu - Oh! que te importa o vestuário?

Ainda não foste ao Vigário!

Não me dás um beijo tu?

A teus pés morre o Bitu

Juntos

Bitu Clarinha

- Meu amor, não tenhas pejo! - Eu não quero, não desejo

Sem demora, dás-me um beijo Receber nem dar um beijo!

Ai, ladrão, não queiras tu Fica quieto, meu Bitu!

Que a teus pés morra o Bitu! Ai, meu Deus! Que fazes tu?

(No fim do dueto, no momento em que Bitu dá um beijo em Clarinha, Sampaio e o Escrivão aparecem ao fundo. Os namorados fogem, ele para a esquerda e ela para casa.)

Submited by

quarta-feira, abril 15, 2009 - 22:14

Poesia Consagrada :

No votes yet

ArturdeAzevedo

imagem de ArturdeAzevedo
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 14 anos 12 semanas
Membro desde: 04/15/2009
Conteúdos:
Pontos: 450

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of ArturdeAzevedo

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia Consagrada/Soneto Eterna Dor 1 2.127 10/20/2020 - 19:06 Português
Fotos/ - Artur de Azevedo 0 1.945 11/23/2010 - 23:37 Português
Poesia Consagrada/Teatro Amor por Anexins - Intodução 0 2.179 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro Amor por Anexins - Cena I 0 2.365 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro Amor por Anexins - Cena II 0 2.422 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro Amor por Anexins - Cena III 0 2.320 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro Amor por Anexins - Cena IV 0 2.176 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro Amor por Anexins - Cena V 0 2.310 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro Amor por Anexins - Cena VI 0 2.006 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro Amor por Anexins - Cena VII 0 2.269 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Jóia - Ato Segundo - Cena VI 0 1.151 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Jóia - Ato Segundo - Cena VII 0 1.106 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Jóia - Ato Segundo - Cena VIII 0 1.633 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Jóia - Ato Segundo - Cena IX 0 1.265 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Jóia - Ato Terceiro - Cena I 0 1.898 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Jóia - Ato Terceiro - Cena II 0 1.765 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Jóia - Ato Terceiro - Cena III 0 1.941 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Jóia - Ato Terceiro - Cena IV 0 1.873 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Jóia - Ato Terceiro - Cena V 0 2.048 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Jóia - Ato Terceiro - Cena VI 0 2.296 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Jóia - Ato Terceiro - Cena VII 0 1.875 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Jóia - Ato Terceiro - Cena VIII 0 1.964 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Jóia - Ato Terceiro - Cena IX 0 1.683 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Jóia - Ato Primeiro - Cena II 0 1.235 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Jóia - Ato Primeiro - Cena III 0 1.237 11/19/2010 - 15:53 Português