CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Hinos do Profeta - A tempestade

Profeta escarnecido pelas turbas
Disse-lhes rindo — adeus!
Vim adorar na serrania escura
A sombra de meu Deus!

O céu enegreceu: lá no ocidente
Rubro o sol se apagou;
E galopa o corcel da tempestade
Nas nuvens que rasgou...

Da gruta negra a catarata rola,
Alaga a serra bronca,
Esbarra pelo abismo, escuma uivando
E pelas trevas ronca...

O chão nu e escarvado p'las torrentes
Trêmulo se fendeu...
Da serrania a lomba escaveirada
O raio enegreceu.

Cede a floresta ao arquejar fremente
Do rijo temporal,
Ribomba e rola o raio, nos abismos
Sibila o vendaval.

Nas trevas o relâmpago fascina,
A selva se incendeia...
Chuva de fogo pelas serras hirtas
Fantástica serpeia...

Amo a voz da tempestade,
Porque agita o coração...
E o espírito inflamado
Abre as asas no trovão!

A minh'alma se devora
Na vida morta e tranqüila...
Quero sentir emoções,
Ver o raio que vacila!

Enquanto as raças medrosas
Banham de prantos o chão,
Eu quero erguer-me na treva,
Saudar glorioso trovão!

Jeová! derrama em chuva
Os teus raios incendidos!
Tua voz na tempestade
Reboa nos meus ouvidos!

É quando as nuvens ribombam
E a selva medonha está,
Que no relâmpago surge
A face de Jeová!

A tuba da tempestade
Rouqueja nos longos céus,
De joelhos na montanha
Espero agora meu Deus!

O caminho rasgou-se: mil torrentes
Rebentam bravejando,
Rodam na espuma as rochas gigantescas
Pelo abismo tombando.

Como em noite do caos, os elementos
incandescentes lutam.
Negra — a terra, o céu — rubro, o mar — vozeia
— E as florestas escutam...

Tudo se escureceu e pela treva,
No chão sem sepultura,
Os mortos se revolvem tiritando
Na longa noite escura.

Profeta escarnecido pelas turbas
Disse-lhes rindo — adeus!
Vim fitar ao clarão da tempestade
— A sombra de meu Deus!

Submited by

terça-feira, abril 14, 2009 - 00:51

Poesia Consagrada :

No votes yet

AlvaresdeAzevedo

imagem de AlvaresdeAzevedo
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 14 anos 23 semanas
Membro desde: 04/14/2009
Conteúdos:
Pontos: 303

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of AlvaresdeAzevedo

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Fotos/ - Alvares de Azevedo 0 1.994 11/24/2010 - 00:37 Português
Poesia Consagrada/Conto Noite na Taverna (Capítulo IV — Gennaro) 0 2.112 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Conto Noite na Taverna (Capítulo V — Claudius Hermann) 0 2.559 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Conto Noite na Taverna (Capítulo VI — Johann) 0 1.950 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Conto Noite na Taverna (Capítulo VII — Último Beijo de Amor) 0 1.555 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Conto Macário - Introdução 0 1.496 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Conto Macário - Primeiro episódio 0 1.238 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Conto Macário - Segundo episódio 0 1.288 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Sombra de D. Juan 0 1.364 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Na várzea 0 1.257 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral O editor 0 1.495 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Oh! Não maldigam! 0 1.749 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Dinheiro 0 1.443 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Adeus, meus sonhos! 0 1.472 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Minha desgraça 0 1.573 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Página rota 0 1.293 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Conto Noite na Taverna (Capítulo I — Uma noite do século) 0 1.570 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Conto Noite na Taverna (Capítulo II — Solfieri) 0 2.055 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Conto Noite na Taverna (Capítulo III — Bertram) 0 3.114 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Panteísmo 0 1.154 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Desânimo 0 1.229 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral O lenço dela 0 1.313 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Relógios e beijos 0 1.590 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Namoro a cavalo 0 1.697 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Pálida imagem 0 1.339 11/19/2010 - 16:52 Português