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Idylio d'Aldeia

Idylio d'Aldeia

Não sei que ha que me impelle
Para o teu escuro olhar!...
É mais branca a tua pelle,
Do que o linho de fiar!

É tua boca um botão,
E o teu riso a lua nova; -
Quem me dera ter na cova
Os ais do teu coração!

Mal podes saber o gosto
Que tive da vez primeira
Que te avistei, ao sol posto,
Debaixo d'esta amoreira!

Desde esse dia, andorinha!
Desde essa tarde infeliz,
Fiquei preso da covinha
Que fazes quando te ris!

Não sei que ha que me impelle
Para o teu escuro olhar!...
É mais branca a tua pelle
Do que o linho de fiar!

A minha alma não descança; -
Morra o sol, ou surja a aurora,
Só tu me lembras creança
De cabellos côr d'amora!

A tua doce ignorancia
Tão cheia de singelesas...
Faz todas as almas presas
Como as perguntas da infancia!

Tu és como um pomo d'ouro,
E o vivo sol que me alegras;
- Amo mais teu rir sonoro
Do que a voz das toutinegras!...

Quando eu fôr a enterrar,
N'algum dia, ao pôr do Sol,
Quero levar por lençol
Só a luz do teu olhar!

..........................................

- Mas tu só vives cantando! -
E ao vir da fonte com agoa,
Mais sentes que estou penando,
Mais te ris da minha magoa!

Ah! nunca eu tivesse o gosto
Que tive da vez primeira
Que te avistei, ao sol posto,
Debaixo d'esta amoreira!

António Gomes Leal

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quarta-feira, abril 1, 2009 - 01:48

Poesia Consagrada :

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