CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Lembrança de morrer

No more! O never more!
SHELLEY

Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.

E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.

Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto o poento caminheiro...
Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro...

Como o desterro de minh'alma errante,
Onde fogo insensato a consumia,
Só levo uma saudade — é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade — e dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas...
E de ti, ó minha mãe! pobre coitada
Que por minhas tristezas te definhas!

De meu pai... de meus únicos amigos,
Poucos, — bem poucos! e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoudecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.

Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei!... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!

Ó tu, que à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores...
Se vivi... foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.

Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu! eu vou amar contigo!

Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz! e escrevam nela:
— Foi poeta, sonhou e amou na vida. -

Sombras do vale, noites da montanha,
Que minh'alma cantou e amava tanto,
Protejei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe um canto!

Mas quando preludia ave d'aurora
E quando, à meia-noite, o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri as ramas...
Deixai a lua pratear-me a lousa!

Submited by

terça-feira, abril 14, 2009 - 00:52

Poesia Consagrada :

No votes yet

AlvaresdeAzevedo

imagem de AlvaresdeAzevedo
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 13 anos 32 semanas
Membro desde: 04/14/2009
Conteúdos:
Pontos: 303

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of AlvaresdeAzevedo

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Fotos/ - Alvares de Azevedo 0 1.505 11/24/2010 - 00:37 Português
Poesia Consagrada/Conto Noite na Taverna (Capítulo IV — Gennaro) 0 1.671 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Conto Noite na Taverna (Capítulo V — Claudius Hermann) 0 2.087 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Conto Noite na Taverna (Capítulo VI — Johann) 0 1.613 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Conto Noite na Taverna (Capítulo VII — Último Beijo de Amor) 0 1.305 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Conto Macário - Introdução 0 1.121 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Conto Macário - Primeiro episódio 0 878 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Conto Macário - Segundo episódio 0 997 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Sombra de D. Juan 0 1.067 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Na várzea 0 1.041 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral O editor 0 922 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Oh! Não maldigam! 0 1.345 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Dinheiro 0 1.186 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Adeus, meus sonhos! 0 1.203 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Minha desgraça 0 1.074 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Página rota 0 960 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Conto Noite na Taverna (Capítulo I — Uma noite do século) 0 1.241 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Conto Noite na Taverna (Capítulo II — Solfieri) 0 1.590 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Conto Noite na Taverna (Capítulo III — Bertram) 0 2.360 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Panteísmo 0 895 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Desânimo 0 1.038 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral O lenço dela 0 1.008 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Relógios e beijos 0 1.065 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Namoro a cavalo 0 1.305 11/19/2010 - 16:52 Português
Poesia Consagrada/Geral Pálida imagem 0 1.064 11/19/2010 - 16:52 Português