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Nova Viagem à Lua - Ato Primeiro - Cena XIII
Cena XIII
Arruda, Barão, Machadinho, Augusto, Silva, Rosinha, Joaninha e Moças, depois Luís e negros, depois um Negro
Rosinha - Como não quiseram honrar-nos com a sua companhia, vimos nós procurá-la.
Machadinho (Baixo a Rosinha.) - A senhora é a rainha das belas.
Rosinha (Faceirando-se.) - Não me debique, moço.
Joaninha - Esperemos pelo jantar brincando algum jogo de prendas.
Augusto - Era a minha idéia.
Arruda - O que há de ser?
Barão - O Tempo-xerá...
Todos - Oh! (Risadas.)
Barão - Então a caibra-xega! (Tira um lenço encarnado e tapa os olhos.) Eu xou a caibra! Eu xou a caibra!
Machadinho (Tirando-lhe o lenço dos olhos.) - Nada... nada...
Barão - Ai!
Todos - O que foi?
Barão (Esfregando os olhos.) - Caiu-me rapé no olho!
Machadinho - Não é nada. (O Barão pede a Arruda que lhe sopre o olho. Jogo de cena.) Vou ensinar-lhes um brinquedo da minha terra. Sentem-se Todos e façam a roda. (Sentam-se Todos, menos Machadinho.) Trata-se de organizar uma orquestra. Eu sou o regente. Toco violino. (A Rosinha.) E a senhora?
Rosinha - Flauta.
Machadinho - O Barão, gaita de foles. O Senhor Arruda, trombone de vara. (Risadas.) A senhora?
Joaninha - Clarineta.
Machadinho (Aos outros.) - Bumba. - Pratos. - Rabecão. - Tímbales. - Fagote. - Violeta, etc. (Distribui o nome de um instrumento a cada uma das pessoas presentes.) Quando eu imitar o meu instrumento, cada um imitará também o seu. Quando, porém, imitar gaita de foles, por exemplo, o Barão imitará o violino. O que não mudar de instrumento com a devida presteza pagará uma prenda. (Pede o rebenque do Barão e começa a imitar um regente de orquestra.) Um dois e Três... Três é o sinal para começar... o Hino Nacional. Um, dois e Três...! (Executam o hino brasileiro do modo acima descrito. O Barão atrapalha-se todo. Machadinho dá o sinal para parar. ) Senhor Barão, pague a prenda!
Barão - Ixo é muito caro? Nã bim prebenido. (Risadas. cena viva e ruidosa.)
Machadinho - Não é dinheiro. Dê um objeto de seu uso: logo será restituído.
Barão - Tome lá. (Dá a japona que traz debaixo do braço. Risadas.)
Machadinho - Isto é muita coisa! Um objeto que caiba dentro de um chapéu.
Barão - Ahn... Tome lá um dos mous anelões. Olhe que ixo é oiro do Porto lexítimo de Vraga! (Risadas.)
Machadinho - Agora cante cada um o que quiser. Um, dois e... Três, (Confusão de vozes.) Dona Rosinha, sua prenda. (Rosinha dá-lhe uma flor e aperta-lhe a mão furtivamente.) Agora, a Chave. Um, dois e... Três! (Cantam Todos.) Senhor Arruda, a prenda!
Arruda - Já sei, já sei, home. Não preciso aprendê.
Machadinho - Não me entendeu... estou lhe pedindo a prenda.
Arruda - Ahn... (Dá-lhe um objeto qualquer.)
Joaninha - Para não maçar, paguem Todos.
Arruda - Memo porque Siá Miquelina não tarda a chamá a gente pra janta.
Machadinho - Paguem... paguem... (Todos dão-lhe objetos.)
Augusto - Vamos às sentenças.
Machadinho (Tirando um objeto do chapéu e conservando-o fechado na mão.) - Dona Rosinha, dê a sentença. O que quer que se faça com o dono desta prenda?
Rosinha - Se for cavalheiro... (Pensa.) se for cavalheiro, servirá de banco de lavar roupa, e, se for senhora, suspirará no canto.
Machadinho (Abre a mão e deixa ver o anel do Barão.) - É o senhor Barão. (Risadas.)
Barão - Nã quero! Um home de minh’idade e varão a xervir de vanco de labare roupa! Nã quero!
Machadinho - Vamos! Ponha-se de quatro pés!
Rosinha - Pois bem, recitará uma poesia.
Barão - Ê não sou poeta...
Silva - Mas sabes o Camões de cor...
Augusto - Encaixe-lhe um pedacinho.
Todos - Então, então? Ora vamos, Senhor Barão!
Barão - Pois bem. Para a xenhora que aí está tã vem axentada, bem a calhare este pedaxinho do noxo Camões: - Estabas, lind’Inês, posta em xoxego...
Todos - Fora! Não serve!
Barão - Nã serve?!
Augusto - Isso é rococó!
Barão - Pois antão...
Arruda (Ao Barão.) - Antão, não, entonces...
Barão - Pois antão bai isto. Canta e dança, sem acompanhamento de orquestra, ao tom da Cana Verde.)
Ai, se tu fores ao mare pescare,
pesca-m’uma laranjinha,
ai, que x’ela fore ajeda,
na tua mão é doxinha.
Ai, ó, ai,
ai, ó, ai!
Quem escorrega,
quem escorrega
tamvém cai!
Todos - Ah! Ah! Ah!... Bravo! Muito bem! (Música. Luís entra precedido da banda de música da fazenda e seguido por um coro de negros do eito.)
Luís - Interrompam a brincadeira! Lugar ao jongo! (Os brancos sobem para o alpendre.)
Jongo
Coro de Negros - O vento no cafézá
é forte cum’ele só;
a gente fica afogada
no meio de tanto pó. (Dançam batendo palmas.)
Machadinho (Descendo do alpendre com os outros personagens.) - Atenção! Ouçam o programa dos pagodes de hoje!
Final
- Logo que jantarmos,
pomo-nos de pé
e, enquanto esperarmos,
que venha o café,
o S’or padre cura
até noite escura
havemos de jogar
e palestrar
As Moças - Logo que jantarmos,
pomo-nos de pé
e, enquanto esperarmos,
que venha o café,
o S’or padre cura
até noite escura
havemos de jogar
e palestrar
Machadinho - Mal se acendam velas
para a sala, vão
esticar as canelas
Todos que aqui ‘stão.
O piano usado
hoje ficará
bem desafinado,
mais do que já ‘stá!
Já não estão na moda
(me dirão vocês)
nem fados de roda,
nem cateretês;
mas... deixem-se disso,
e é pedir por mais!
Caiam no serviço
danças nacionais!
Coro geral
Brancos Negros
Logo que jantarmos Logo que jantarem
pomo-nos de pé põem-se de pé
e, enquanto esperarmos e, enquanto esperarem
que venha o café, que venha o café,
o S’or padre cura o S’or padre cura
até noite escura até noite escura
havemos jogar lá irão jogar
e palestrar! e palestrar!
Arruda (Com ligeiro movimento de dança.)
- Assim é que eu gosto de ver os rapazes!
Aí, sim, Senhor! Trá lá lá! Trá lá lá!
Machadinho (Imitando-o)
- Não sabe o senhor de que somos capazes!
Onde nós nos acharmos o prazer está!
Barão (Dançando também) - Pesca-me uma laranjinha,
se fores ao mar pescar...
Arruda - Ai, que vontade esta minha!
que vontade de dançar!
Machadinho e as Moças -En avant!
sem mais demora
En avant!
ferva o cancã!
Coro geral
Brancos Negros
Logo que jantarmos Logo que jantarem
pomo-nos de pé põem-se de pé
e, enquanto esperarmos e, enquanto esperarem
que venha o café, que venha o café,
o S’or padre cura o S’or padre cura
até noite escura até noite escura
havemos jogar lá irão jogar
e palestrar! e palestrar!
Um Negro (Entrando.) - Manda dizer sinhá
que a janta pronta ‘stá.
Coro - A janta pronta está!
Arruda - Já fortes pontadas sentia na pança!
Barão - Que boa notícia pro pai da criança!
Coro geral
Já, com presteza
vamos jantar
Já, com presteza,
vamos jantar
Vamos pra mesa
sem mais tardar!
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