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Nova Viagem à Lua - Ato Segundo - Cena III
Cena III
Machadinho, Luís e Arruda
Arruda - Bons dia, seu doutô; cumo vai a coisa?
Luís - A benção, papai?
Arruda - Deus Nosso Senhor Jesus Cristo te faça santo.
Machadinho - O foguete está pronto e já lá está no Corcovado. Temos de partir às quatro horas da tarde. Foram precisos cento e cinqüenta burros possantes para levaram-no até lá!
Arruda - Ora não estar lá eu! E onde arranjou tantos doutô, seu burro? Oh! me descurpe, me descurpe, moço. A gente às vez se engana! (Emendando.) E onde arranjou tantos burro, seu doutô?
Machadinho - Com a Companhia dos Bondes Marítimos.
Arruda - Ahn...
Machadinho - O foguete foi conduzido num carro especial que mandei construir. Invenção minha! Veja isto. (Dá a fotografia a Arruda que deita os óculos e examina-a atentamente.) - Veja como está catita! Levamos dezesseis bandeiras nacionais, hein? É isto que aqui se vê! Temos dentro uma sala e uma alcova. A importância do saque que me mandou está quase inteiramente gasta. Uf! que calor!
Luís - Insuportável.
Arruda - Não faz má... Sou podre de rico e quero i à Lua!
Machadinho (Dando um documento a Luís, á parte.) - Aqui tens o saque: guarde-o. (Alto.) De hoje a dois dias estaremos na Lua, se não sobrevier no sistema planetário algum impertinente fenômeno atmosférico que desvie o foguete do seu curso!
Arruda - Fala que nem um livro.
Machadinho - Senhor Arruda, mandei preparar este banquete, a que só hão de assistir notabilidades científicas. Vem o sábio naturalista Flowers e sua senhora, o Barão e a Baronesa do Canal do Mangue...
Arruda (Atalhando-o.) - Convidou o Júlio Verne?
Machadinho (Prontamente.) - Também, também! (Gesto de Luís.) Oh! mas aquele Verne é um malandro! Virá ou não!
Arruda (À parte.) - O diabo é se o Santos sabe que vim à corte. pega fogo na canjica. (Alto.) Ó Lulu, sobre o que nós falemo, bico, hein? Senão ponho um ovo quente na língua.
Luís - Esteja descansado, papai.
Arruda - Entonces tá tudo pronto, não?
Machadinho - Tudo.
Arruda - Ora viva Deus!
Canto
Zás!
Trás!
Vou viajar.
Trás!
Zás!
pelo ar!
Que prazer
eu vou ter!
Zás, trás, zás!
(Durante o canto entram Augusto e Silva)
Todos - Zás, trás!
Que prazer
Trás, zás!
vamos ter!
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