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Victor Hugo: Os trabalhadores do Mar – Primeira Parte: O Senhor Clubin : Livro Terceiro:Durande e Déruchette - Capítulo XI : Lance de olhos aos maridos eventuais

Déruchette ia crescendo e não se casava.

Mess Lethierry vê-la uma moça de mãozinhas alvas, mas tornou-a exigente. Educações daquelas voltam-se sempre contra os pais.

Ele próprio era mais exigente ainda que a filha. Imaginava um marido para Déruchette que fosse também marido de Durande.

Queria de um lance prover as duas filhas. Queria que o companheiro de uma fosse o piloto da outra. Que é um marido? É o capitão de uma viagem. Por que motivo não dar uni só capitão ao navio e à filha? O casal obedece às marés. Quem sabe guiar uma barca sabe guiar uma mulher. Ambas são sujeitas à lua e ao vento. O Sr. Clubin, tendo apenas quinze anos menos que Mess Lethierry, não podia ser para Durande senão um capitão provisório; era preciso um piloto moço, um capitão definitivo, um verdadeiro sucessor do inventor, do criador. O piloto de Durande seria o genro de Mess Lethierry. Por que motivo não fundir os dois genros em um só? Lethierry afagava esta idéia. Via aparecer-lhe em sonhos um noivo.

Um gajeiro possante e tostado, um atleta do mar, eis o seu ideal. Não era esse o ideal de Déruchette, o sonho da moça era mais cor-de-rosa.

Fosse como fosse, o tio e a sobrinha pareciam estar de acordo em não ter pressa. Quando viram Déruchette torna-se herdeira prov ável, apresentaram-se pedidos aos centos. Estas solicitudes nem sempre são de boa qualidade. Mess Lethierry sentia isso, e dizia entre dentes: Moça de ouro, noivo de cobre. E despedia os pretendentes. Esperava. Ela também.

Coisa singular, Lethierry não fazia cabedal da aristocracia. Por esse lado era um inglês inverossímil. Dificilmente se acreditará que ele chegou a recusar um Ganduel, de Jersey, e um Bugnet-Necolin, de Serk. Houve mesmo quem ousasse afirmar, mas nós não acreditamos, que ele recusou uma proposta da aristocracia de Aurigny, indeferindo o pedido de um membro da família Edou, que evidentemente descende de Edouard, o Confessor.

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domingo, maio 24, 2009 - 15:17

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