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Victor Hugo: Os trabalhadores do Mar – Primeira Parte: O Senhor Clubin : Livro Quinto : O Revólver - Capítulo II : Clubin descobre alguém
Zucla ia comer, algumas vezes, à Pousada João. O Sr. Clubin conhecia-o de vista.
E o Sr. Clubin não era soberbo; não se desprezava de conhecer de vista um tratante. Às vezes chegava mesmo a conhece-los de fato, dando-lhes a mão em plena rua. Falava inglês com o smogler e engrolava o espanhol corri o contrabandista.
A este respeito tinha ele as seguintes máximas: - Pode-se adquirir o bem pelo conhecimento do mal.
O monteiro conversa proveitosamente com o ladrão de caça. - O piloto deve sondar o pirata; o pirata é um escolho. - Trata de provar um velhaco como o médico prova o veneno.
Não tinha réplica. Todos davam razão ao Capitão Clubin. Era aprovado por não ter escrúpulos tolos. Quem ousaria dizer mal dele?
Tudo quanto fazia era para bem do serviço. Nele tudo era simples.
Nada podia compromete-lo. O cristal querendo manchar-se não pode. Esta confiança era a justa recompensa de uma longa honestidade e é essa a excelência das reputações firmes. Fizesse o que fizesse o Sr. Clubin, todos lhe viam malícia no sentido da virtude; tinha adquirido a impecabilidade; e de mais a mais dizia-se que era muito esperto; deste ou daquele encontro que com outra pessoa seria suspeito, a sua probidade saía sempre com um relevo de habilidade. A fama de habilidade combinava-se harmoniosamente com a fama de ingenuidade, sem contradição alguma.
Ingenuo hábil é coisa que existe. É uma das variedades do homem honesto e das mais apreciadas. O Sr. Clubin era desses homens que, encontrados em conversa íntima com um larápio ou um bandido, são recebidos, compreendidos, e mais respeitados, e tem ainda por si o piscar de olhos satisfeitos da estima pública.
O Tamaufipas tinha completado o carregamento. Estava próximo a partir e ia aparelhar.
Em uma terça-feira à tarde, ainda com sol, chegou a Durande a Saint-Malo. O Sr. Clubin, de pé no passadiço e dirigindo a manobra da entrada, descobriu perto de Petit Bey, na praia, entre dois rochedos, em um lugar muito solitário, dois homens conversando.
Deitou-lhes o óculo e reconheceu. um dos homens. Era o Capitão Zuela. Parece que reconheceu também o outro.
O outro era alto, um pouco grisalho. Trazia o chapéu largo e o vestuário grave dos Amigos. Era provavelmente um quaker. Baixava os olhos com modéstia.
Chegando à Pousada João, o Sr-Clubin soube que o Tamaufipas ia aparelhar dentro de dez dias.
Soube-se depois que ele tomara outras informações.
À noite, entrou em casa do armeiro da Rua de São Vicente, e disse-lhe: - Sabe o que é um revólver?
- Sei - respondeu ele - , é americano. É uma pistola que renova sempre a conversação. Na verdade, ela tem pergunta e resposta.
E replica. É justo, Sr.
Clubin. O cano é girante. E cinco ou seis balas.
O armeiro levantou o cantinho do beiço e Rez ouvir aquele estalo de língua, que, acompanhado de um movimento de cabeça, exprime a admiração.
- A arma é boa, Sr. Clubin. Creia que há de vir a ser universal.
- Eu queria um revólver de seis tiros.
- Não tenho desses.
- Pois que, o senhor não é armeiro? - Mas ainda não tenho desse. Bem vê que é coisa nova. Na França só se fazem pistolas.
- Diabo!
- É coisa que ainda não está no comércio.
- Diabo!
- Tenho pistolas excelentes.
- Quero um revólver.
Convenho que é melhor. Mas espere, Sr.
Clubin - O que é?
- Creio que há um em Saint-Malo.
- Revólver?
- Sim.
- Para vender?
- Sim.
- Onde?
- Creio que sei. Hei de informar-me.
- Quando me dá a resposta?
- O revólver é bom.
- Quando devo voltar?
- Se eu lhe arranjo um revólver, é porque é bom.
- Quando me dá a resposta?
- Na sua primeira viagem.
- Não diga que é para mim.
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