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E o ser resume-se a isto
Não sobraram olhares.
Foram-se todos, desbaratados.
Escalei as minhas montanhas,
Esfolei os meus dedos
como me ditava o cego azul que pasmo.
Há uma certa inevitabilidade
que pisca nos meus ouvidos,
Que me faz tremer as cordas
que gemem e que batem,
Ou vão fazendo bater,
Pra que não páre este encharcar
amontoado de anuíres cansados
na veia.
Lágrimas não contam histórias,
Só fazem de conta,
E para fazer de conta
já bastam as minhas patranhas
a cobrir de branco
o meu olhar pregado no chão.
Não me bastam os doces,
as massas, as putas.
Não me bastam sopas,
Comi-as todas
na maneira que só eu sei
comer as sopas,
À socapa.
Comi-as todas
e por igual todas ficaram,
Estáticas,
A divagar nas malgas,
Sem dar por ela,
Enquanto as sorvia
e na mesma ficavam.
Com a minha força,
Contundente,
Quebrei tijolos,
Como todos os possuidores de tijolos
assim o fazem.
Deixei-me cair,
Só pela tesão,
E para fazer ver aos joelhos
a sua dimensão patética
sob o olhar odorífero
do meu ego.
Num rasgo de fúria
hei-de morrer,
Sozinho,
Sem mãos a quem apertar
mas a arranhar paredes
como se trepar por elas
sempre tivesse sido o meu sonho.
Hei-de passar martelando
o meu chão com os meus punhos,
A mirar o soalho com
os meus olhos inflados de medo,
Mas não há mal.
Estou louco,
Mas é só isso.
Dois verdinhos e um cinzento garganta abaixo
e a coisa acalma.
Pregos e cunhas não me levam ao sítio,
É sabido.
Em mim há um riso e um choro,
Continuado,
E os dias alternam-se entre eles,
As horas alternam-se entre eles,
E no corpo esta vontade
de pular,
de morder a jugular,
de expirar,
suprimir
esta dor.
Em mim há este mar,
Esta tempestade,
Porca,
Não vale a pena entreter uma ilusão.
A água cai,
O peito atola,
E o ser resume-se a isto.
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