CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Entender, mais pelo Sentir que pela Razão (Vergílio Ferreira)
Uma verdade só o é quando sentida - não quando apenas entendida.
Ficamos gratos a quem no-la demonstra para nos justificarmos como humanos perante os outros homens e entre eles nós mesmos. Mas a força dessa verdade está na força irrecusável com que nos afirmamos quem somos antes de sabermos porquê.
Assim nos é necessário estabelecer a diferença entre o que em nós é centrífugo e o que apenas é centrípeto. Nós somos centrifugamente pela irrupção inexorável de nós com tudo o que reconhecido ou não - e de que serve reconhecê-lo ou não? - como centripetamente provindo de fora, se nos recriou dentro no modo absoluto e original de se ser.
Só assim entenderemos que da «discussão» quase nunca nasça a «luz», porque a luz que nascer é normalmente a de duas pedras que se chocam. Da discussão não nasce a luz, porque a luz a nascer seria a que iluminasse a obscuridade de nós, a profundeza das nossas sombras profundas.
Decerto uma ideia que nos semeiem pode germinar e por isso as ideias é necessário que no-las semeiem. Mas a sua fertilidade não está na nossa mão ou na estrita qualidade da ideia semeada, porque o que somos profundamente só se altera quando isso que somos o quer - e não quando nós o deliberamos.
Assim nasce um desencontro quantas vezes entre a mecânica dos nossos raciocínios e a verdade que em nós já é morta. No hábito dos gestos, as mãos tecem ainda na exterioridade de nós a plausibilidade do que em nós já não é plausível. Então nos é necessário substituirmos toda a aparelhagem de que nos serviríamos e já não serve. Surpresos olhamos quem fomos porque já nos não reconhecemos.
Atónitos perguntamos como foi possível?, quando, onde, porquê?, ao espanto da nossa transfiguração, ao incrível da cilada que nós próprios nos armamos, mesmo quando foi a vida que a armou; porque tudo quanto é da vida, e dos outros, e dos mil acontecimentos que quisermos, só existe eficaz e real quando abre em evidência na profundidade de nós. Como aceitar assim a força da razão, se a força dela está onde ela não está?
Vergílio Ferreira (1916-1996), escritor e ensaísta português, in 'Invocação ao Meu Corpo'
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 2846 leituras
other contents of AjAraujo
Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post![]() |
Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Intervenção | Árvore-vida | 0 | 8.093 | 05/14/2012 - 18:22 | Português | |
Poesia/Aforismo | Cascata | 0 | 4.453 | 05/14/2012 - 18:19 | Português | |
Poesia/Haikai | Lágrimas da folha | 0 | 4.997 | 05/14/2012 - 18:16 | Português | |
![]() |
Videos/Música | De paso (Luis Eduardo Aute) | 0 | 4.886 | 05/01/2012 - 00:31 | Espanhol |
![]() |
Videos/Teatro | De la luz a la sombra (Luis Eduardo Aute) | 0 | 22.828 | 05/01/2012 - 00:27 | Espanhol |
![]() |
Videos/Música | La vida al pasar (Luis Eduardo Aute) | 0 | 7.032 | 05/01/2012 - 00:17 | Espanhol |
Poesia/Meditação | Tempo será (Manuel Bandeira) | 0 | 4.928 | 04/25/2012 - 10:57 | Português | |
Poesia/Meditação | Voz de fora (Manuel Bandeira) | 0 | 5.554 | 04/25/2012 - 10:55 | Português | |
Poesia/Dedicado | Meninos Carvoeiros (Manuel Bandeira) | 0 | 6.720 | 04/25/2012 - 10:53 | Português | |
Poesia/Meditação | Pesquisa (Paulo Mendes Campos) | 0 | 5.438 | 04/23/2012 - 11:01 | Português | |
Poesia/Meditação | Infância (Paulo Mendes Campos) | 0 | 5.372 | 04/23/2012 - 10:57 | Português | |
Poesia/Meditação | Copacabana 1945 - excertos (Paulo Mendes Campos) | 0 | 2.913 | 04/23/2012 - 10:55 | Português | |
Poesia/Alegria | O sol e o poeta | 1 | 4.536 | 04/14/2012 - 17:34 | Português | |
Poesia/Meditação | O sonho nos envia sinais para... viver | 0 | 3.685 | 04/14/2012 - 12:06 | Português | |
![]() |
Videos/Música | Irish Traditional Music (Joannie Madden, Bill Douglas and Taliesin Orchestra) | 0 | 12.358 | 04/14/2012 - 11:23 | inglês |
![]() |
Videos/Música | Song for the Avatar Movie ending (Enigma) | 0 | 7.313 | 04/14/2012 - 11:14 | Português |
![]() |
Videos/Música | Winter HD Landscapes New Age Music HD (James Asher) | 0 | 14.924 | 04/14/2012 - 10:59 | inglês |
Poesia/Dedicado | Magdalena (Marina Tsvetáieva) | 0 | 3.099 | 04/14/2012 - 01:25 | Espanhol | |
Poesia/Amor | Poema do Fim (Marina Tsvetáieva) | 0 | 11.320 | 04/14/2012 - 01:10 | Português | |
Poesia/Intervenção | Psique (Marina Tsvetáieva) | 1 | 4.753 | 04/14/2012 - 00:58 | Português | |
Poesia/Pensamentos | Quando nada é certo, tudo é possível (Margareth Drabble) | 0 | 7.686 | 04/11/2012 - 12:33 | Português | |
Poesia/Pensamentos | A capacidade de mudar o mundo (Margareth Mead) | 0 | 4.584 | 04/11/2012 - 12:19 | Português | |
Poesia/Meditação | Enigma, Sigma (a propósito dos seres e as drogas) | 0 | 4.263 | 04/11/2012 - 12:13 | Português | |
Poesia/Amor | Uma Carta de Amor (Julio Cortazar) | 1 | 19.667 | 04/11/2012 - 09:55 | Português | |
Poesia/Meditação | Tenho (Nicolas Guillen) | 0 | 4.131 | 04/11/2012 - 00:39 | Português |
Add comment