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IGUAL
Podes chamar-me mil vezes
Que mil vezes me esconderei
Cobrirei os tímpanos à tua voz
Até ela ser muda de sentido…
Cerrarei lábios à tua palavra
Fecharei punhos ao teu gesto
Cairão minhas pálpebras à tua luz
Levantarão meus pés na presença do teu rasto
Deverá toda a gente saber
Por mais difícil de entender
Que sou um homem gasto
Que cem de mim são zero
Que como sou não me gosto
Que como me tornei não me quero
Que sou palavras de outros
Consumidas no fogo próprio…
Que sou acções minhas
De alguém impróprio
Sou coisas que vejo
Com olhos de outros
Ou coisas de outros
Que com os meus vejo…
Sou tinta que escreve
Em papel que não dura
Sou um pensamento breve
Que a memória não segura
Sou toque dormente
Numa bebedeira de aguardente
Sou toque fantasma
Que quase ninguém sente
Sou vento invisível
Sou a água imprescindível
Sou tudo como os outros,
E ainda gelo insensível…
De: NESTA ESTADIA EM NADA
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Poesia :
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Comentários
Re: IGUAL
Bom poema, gostei de ler! :-)
Re: IGUAL
BELÍSSIMO TEXTO. 8-)
Re: IGUAL
"Sou tinta que escreve
Em papel que não dura
Sou um pensamento breve
Que a memória não segura"
Gostei bastante.
bjs
Re: IGUAL
Destaco
"Que como sou não me gosto
Que como me tornei não me quero
Que sou palavras de outros
Consumidas no fogo próprio…
Que sou acções minhas
De alguém impróprio
Sou coisas que vejo
Com olhos de outros
Ou coisas de outros
Que com os meus vejo…"
A luta interior é sempre das mais sangrentas. E quando buscamos nos outros as ideias (pré-concebidas) de felicidade o mais provável é não satisfazermos as nossas
Gostei imenso
Abraço