Lembranças de Nosso Aparthaid

Ecos atuam em meus ouvidos:
contradições;
crises e conflitos - que angustiam!
Retalham meu fígado.
Esmorecido, ao ver os orifícios
que Afrodite me trouxe.

Dessa vez não flores,
só resquícios de cinzas
que foram queimadas...
Na quinta e fria serenata.
Antes das doze badaladas.

Onde erram os que não assumem a falha!

Quem te pôs naquela sala,
na ceia enigmática,
registrando ocultas lágrimas?

Arrepiavam minha pequenina alma negligente.
Esculpindo sua imagem
numa madeira reflexivamente.
Pobre do meu subconsciente!

Cólera coletiva
no coração de uma criança.
O cativeiro presenteou-me
com discórdia e lembrança.
De uma linda menina
que conheci na Babilônia.

Retrucando que faria valer
cada grão de esperança de sua ampulheta.

A constante metamorfose
gerou milhões de descendentes...
Traições...
Superstições...
Intrigas...
Mentiras e minha sinceridade
fecundada na resistência.

O fim e o início...
Por que me negou desejos desde o princípio?
Paradoxo. Desperdício.

Os olhos escassos de um predador,
covarde e faminto de amor.
Ensinando-me que mais vale
um cachorro amigo;
que um amigo cachorro.
Inimigo!

Bruno Sanctus.