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A Máquina do Tempo

     

     A máquina do tempo é uma utopia que escorre pelos cantos da boca. Um fétido filete simulando memórias subjetivas. Um passado de múltipla escolha prestes a ser alterado a qualquer momento. Enquanto corvos crocitam com nacos de carne e vermes valsam em vossos bicos; soprando a trombeta fúnebre de guerra. É medo e fúria. Uma lança sem ponta adornando os vitrais da consciência com festins de covardia e cerveja embolorada; prostitutas frígidas, candidíase e crianças desmamadas. É o atraso da fatura do mês que faz-nos lembrar que não temos tempo para criar máquinas, apenas obedecê-las. Máquina do tempo é tudo que não se deixa para amanhã. Afinal, amanhã nem existe mesmo. Amanhã é só o hoje quando acordar de ressaca e derreter o espelho com o bafo de biles, vômito e urina afastando os fantasmas da varanda. Quando os vizinhos pestilentos cacarejam todos os flashbacks de amnésia alcoólica. São murmúrios contados por lábios alheios e ressecados. A máquina do tempo é uma redoma, onde o delírio é uma fortaleza, conservado por formol; sangue e sêmen.


Bruno Sanctus.

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terça-feira, novembro 26, 2013 - 01:22

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Bruno Sanctus

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Comentários

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A Máquina do Tempo

" Quando os vizinhos pestilentos cacarejam todos os flashbacks de amnésia alcoólica. São murmúrios contados por lábios alheios e ressecados."

Não tinha feito essa análise da máquina do tempo sob esse ângulo. Muito bem colocado.
Feliz Natal!

imagem de Bruno Sanctus

Obrigado, Debora, e

Obrigado, Debora, e desculpe-me a demora em respondê-la. Fim de ano é a época em que mais se trabalha. Mas, deixemos o ofício para outra hora.

A verdade é que, a sanidade acaba dilapidando todo o êxtase que existe em entorpecer-se. Não se perde tempo louco, apenas sentimos repulsa ao perceber que todo o barato já passou e as pessoas continuam sendo as mesmas. Que aquilo só existiu como resquício imagético da crença alheia sobre sua persona.

Beijos.
Bruno Sanctus.

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