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Orpheus
Apollo,
não carregou-me no colo.
Mas, presenteou-me com a lira
construida com cordas
da barba-empírica.
Ao qual transborda
melodias, que apartaram
brigas...
silenciaram
sereias famintas,
a ponto de deixá-las
introspectivas!
Eurídice, Ah, Eurídice!
Nome que me dá nostalgia!
Assume a forma de fetiche,
e caminha, mesmo nos memoriais
que tripulam as fadigas.
Umbrais de saudades restritas...
E eu no alento,
desapertando os parafusos
do tempo.
Desci ao Hades,
procurando a segunda-via
da felicidade.
Persuadi Carontes,
com tristeza
aguçada aos montes.
Adormeci Cerbero,
cão da realeza
com versos sinceros,
intensos como ébano.
E ainda que efêmero,
alivei os condenados
nesse panteão de enfermos.
Mostrei a Plutão,
que folhas da canção opaca
fora queimada.
Que o que expressara
era mais que diafragma,
pulmões e caixa-toracica.
Pois, há longa data
tive que vivenciar a metafora
que tanto amara.
Felizes, Euridice e eu,
voltávamos pra casa.
Estava tudo claro como breu.
Expectativa em brasa.
Condições impostas,
Um olhar e...
perdi a aposta.
Despedida trágica.
Por entre meus dedos
escapara.
Sem palavra mágica.
Sem menos ou mais,
meu magnetismo,
seduziu e conquistou
meretrizes
de diversas capitais.
Andarilho de orfismo
que não segue diretrizes
desperdicei o que muitos queriam
por demais.
Os dias incertos e felizes
com orgias nos camarins,
feitios bacanais.
Passei a repudiar
certos tipos de vaginas.
Que mais tarde,
sentiriram-se ofendidas.
Que decididas,
Despedaçaram minha vida.
E cantando: "Eurídice, Eurídice
ainda nos encontraremos,
querida!"
Minha cabeça,
flutuava pelas aguas do Hebro.
Jazia...
Bruno Sanctus.
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