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NÃO TENHO LÁGRIMAS, SÃO ESFÉRULAS DE SILÊNCIO

Fôlego salgado por mar que se afunda
nas profundezas da sua própria alma sem alma.

Não choro, esfaqueio o rosto
com mágoa como casulo da tristeza.
Não tenho lágrimas, são esférulas de silêncio.

Como casa vazia num lugar
de chãos suspensos numa teia de nãos.

Não sinto o chão por onde caminhar,
sou como pedra que se empoleira pelo ar.
Sorriso resmungado, acto em tacto agoirento.

Nós onde sou presa fácil
do tempo sem lua. Pregado à perna
do universo que corre no adro do infinito.

Cada ruga é um poema
que morre nas suas próprias letras.
Onde sou vento que se aglomera sem sol.
Primavera sem rol. Rua cortada sem raciocínio.

Como avalanche
de ventos pela encosta do grito
que não grito como eclipse do ser.
Elogio envenenado, gatafunho descorado.

Fio de voz doente.
Cordilheira de pilares exaustos nos olhos
que caem sem nervo sadio pelo corpo abaixo.

Como belisco do inferno
a manchar-me a pele com fel.
Quanto por mim passa é pão que o diabo amassa.

Caminho vertido pelo escuro da mentira.
Atado a nada com linho impuro do pensamento.

Dor que corta.
Porta de fogo posto em trovão.
Sangue visível nas veias frias dos olhos.

Desencontrada visão da paisagem
como orla em desastre insano. Invisível.

 

 

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quinta-feira, novembro 3, 2011 - 00:21

Poesia :

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Henrique

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Com nenhuma palavra é com o

Com nenhuma palavra é com o que o seu comentário me deixa!!!

 

Obrigado JAFcraveiro!!!

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