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Quem nunca fomos...

Havia uma inocência doce nas palavras proibidas,
um segredar suave,
sussurrado numa malícia pueril,
que se perdeu entre os anos da minha maturidade...
Havia uma verdade absoluta no olhar nos olhos,
no tocar de mãos, em sentir o cheiro,
que hoje se alcunha de adolescência,
ou outra coisa qualquer e deixou de existir,
entre uma manhã, ou outra, nem sei bem quando...
Quando foi que amar deixou de ser prioridade?
A voz de comando das nossas vidas alterou-se,
envelheceu ou simplesmente padeceu de racionalidade...
Mudou-se o tempo e as vontades e nós próprios,
entre facturas da luz, da agua, da creche,
porque nós também crescemos...
Deixámos de ter tempo para amar os amigos,
os mais que amigos, os nossos filhos
e os filhos dos outros...
Porque queremos ter um sofá confortável
para dormirmos à noite, na nossa solidão,
ou uns cortinados novos para tapar a janela
da nossa vida com vista para um muro de betão...
Continuamos a trocar um piropo amável com aquele
ou aquela que nos enche as medidas,
imaginando que um dia podia haver um diluvio
e sermos sobreviventes no mesmo barco...
Adiamos os nossos sonhos porque já nem nos lembramos quais foram,
mas se calhar era ter uma carrinha,
ou mais um quarto,
ou talões de desconto do hipermercado...
Masturbamos a nossa liberdade, uma vez por dia,
a olhar para o lado e a invejar qualquer coisa,
que pode ser uma coisa qualquer,
desde que nunca possa
ser nossa...
E a vida passa...

Inês Dunas

Libris Scripta Est

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quinta-feira, setembro 15, 2011 - 09:33

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