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Sem título(7)
Transporto comigo o choro inicial,
lágrimas primeiras, e logo anunciando a partida,
como se fosse o excedente
nascido em hora imprópria, em inadequado lugar.
Nascido ser para não ser exequível vivente.
Apenas um supra-numerário!
Que me importa saber da qualidade do choro?
se são de alegria ou de tristeza estas lágrimas?
se são reais ou apenas ficções do meu sofrer?
Sinto apenas o infinito sal, o sal de todos mares
sinto-o a rebolar no meu rosto
por dentro do meu rosto, sangue e plasma do meu corpo.
No lugar do ser deram-me oceanos para alimentar,
no lugar de viver foi lugar de chorar as minhas penas,
e cuidei que era mar, julguei em mim todo o pranto do mundo,
e se entre iguais lugar me não coube, fiz-me mar,
alimento de todas as dores, a culpa de todas as derrotas.
Não!
Não vou chorar sobre o meu pranto, bastante é ele,
imenso e completo em si próprio,
causa e efeito da minha existência.
Redundante foi meu nascimento
porque eu não nasci para nascer, estava tudo completo quando cheguei,
não nasci para nascer, e se mundo já era um equilíbrio perfeito
porquê então meu nascer?
Não nasci para nascer , apenas ser um breve instante de pranto
-pranto por mim e o pranto de quem nunca chorou-
Ser afinal todo o sal do mundo
até ser todas as lágrimas jamais vertidas
de tristeza ou de alegria, talvez até de indiferença,
que eu não sei o que é chorar de indiferença
ou de indiferença choro eu por mim!
Dionísio Dinis
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Comentários
Sem título(7)
Mais um belíssimo poema seu, meus parabéns,
MarneDulinski