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Serpentes
- Serpentes -
O nosso eu são serpentes
no canto de uma sala
alimentamos elas com coisas imaginárias
Auto-agarramento, ódio, inveja
são os alimentos dessas serpentes
se elas não existem
não podemos alimentá-las
Somos traídos pela nossa mente
nos traímos a todo instante
viajamos dentro do ego
perdemos o rumo dessa estrada distante
Serpentes imaginárias venenosas
cospem suas peçonhas
arrastam-se pelos dias e noites
Labaredas de fogos esfuziantes
iluminam os destinos furtivos
fazem de nossas salas
um ninho de serpentes
Um eu inseparável, inexistente
caminha dentro de nossas mentes
levando o auto-apreço junto com a gente
Visões errôneas, pensamentos entorpecidos
memórias de crianças, tempos perdidos
Sem nosso eu somos ninguém
passageiros sem trem
vagões desgovernados, serpentes sem venenos
na meditativa vacuidade
Céu cheio de estrelas, estradas para eternidade
indo no vai e vem
buscando e trazendo a felicidade
Eu, tu, ele, nós, vós e eles
ninguém existe mais
deixaremos de alimentar as serpentes
aportaremos em novos cais.
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