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Sobre um anjo de olhos claros
Quanto aquelas questões da fé, eu encontrei um fim. Pelo menos a uma que diz respeito a fé nas pessoas.
Então, acreditamos em Deus por que ele é real ou ele é real por que acreditamos nele? Pois de fato foram os anjos quem cairam de primeiro. E o primeiro caiu porque eu, ao me negar a fazer algo, o puxei para baixo (e eu não me arrependo). Eu, que por nunca ter tido muita fé em Deus sempre tive muita fé nas pessoas que me circundam.
O anjo caiu e não fiz nada além de assistir a queda. Não fiz porque ela, orgulhosa feito a maioria de raça, nunca parou para ouvir as minhas preces. E agora que jaz a minha frente, frágil física e psicologicamente, da forma que esse seu orgulho imbecil nunca permitiu que ela assumisse, me pergunto: termino de arrancar-lhe o par de asas para que o seu orgulho não suba novamente acima de quem a quer bem ou continuo a ignora-la e ignorar o olhar que já não possui mais cor alguma?
Não é indignação. Não sinto nada além de raiva e decepção; além de pena e desprezo.
02 de abril de 2011
- Adolfo J. de Lima
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