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Às Escuras Encontro-te

Hoje, quando chegar a casa, vou-me colocar, de “papo para o ar”, já que não nasci com o “…u virado para a lua”. Expressões que dignificam o ser numa linguagem perfeita, e até, se pensarmos bem, nos reconforta, localizando o espaço envolvente. É um hábito avaliarmos a personalidade de alguém através de expressões como “aquela pessoa tem maus fígados”, e coitados de nós que não sabemos, que à transparência, podemos revelar os órgãos, sendo estes um refúgio para os maus fluídos. Por falar em maus fluídos, importa aqui realçar que, o que recebemos dos outros, poderá ser uma coincidência dentro da anormalidade de certos fígados. Enfim, há gostos para tudo, assim como fluidos disto e daquilo, depende do que se conseguir absorver.

Estou então no plexo solar. Mas ter estômago para tudo, é que eu não consigo e dou comigo a viajar pelos outros órgãos detendo-me na base da coluna vertebral e foco-me nos canais adjacentes, Que coisa! Eu agora aqui a pensar em canais, quando só me resta um canal possível – canalizar, receber…entranham-se espécies duma raridade tal, que dá um gozo tremendo, mas há os que são insustentáveis, impenetráveis. Vou mais acima e paro num ponto, o batimento cardíaco e aí reside tudo o que sou; ou eu e tu, ou tu e eu, tanto se me dá, como se me deu, e se “Ser”, depende de tantos “se’s”, então quando chegar ao fim, e ainda estiver nesta posição horizontal, logo se vê. Por agora abro-me a abraços e carinhos, um amor com cheiro a rosas e alguns adornos de sedas - dão um certo charme na formação de um “ninho”. Mas é estranho, e não sei o que está para lá do ranger desta porta, tentando resistir a temporais que trazem gélidas paisagens, daquelas que só permitem ver alguns fios de luz pelas frestas semi-fechadas. Preciso urgentemente descobrir uma passagem, nem que para isso, tenha que nascer de novo, mas agora de “…u virado para a lua”.

Continuando a minha caminhada, tenho agora em mente, a mente, e foco-me no alto da cabeça. Assim deixo de estar nas posições horizontal, prefiro a posição vertical, para sentir que o que está em cima toca o que está em baixo. Sou um pilar daqueles por onde atravessam correntes espessas que me deixam balizada contra a terra firme. Mas isto agora é outro problema. Como vou conseguir abafar as armadilhas da mente e sossegar este ego sedento de alimentação? Que sorte a minha ter-te aqui agora (amiga do peito), que me entendes nestas minhas simulações; a base da coluna que se encosta ao plexo solar e este batimento cardíaco que resolve passear pelos corredores do ego. Sem a tua ajuda não poderia lá chegar, ficaria por estes pensamentos correntes, em dias contados de versos cansados e temas mais que engaiolados. Estou agora presa na tua pequena gaiola… Às escuras encontro-te, mesmo que sinta aquela aridez das noites nuas que passam por entre as frestas de portas desgastadas pela erosão do tempo. Ouvem-se agora as notas nos arrabaldes de uma certa escala musical.
Qual o tempo?
- Sem tempo. Esqueci-me do meu cantar. Ficou-se pela nota imediatamente abaixo do “Dó”. Do(rme) agora com um mero desejo de ficar centrado na escuridão da noite.

Dolores Marques

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sexta-feira, setembro 5, 2008 - 13:19

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ÔNIX

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Comentários

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Re: Às Escuras Encontro-te

Enfim, há gostos para tudo, assim como fluidos disto e daquilo, depende do que se conseguir absorver.

dizes toda a verdade!!!

:-)

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Re: Às Escuras Encontro-te

Gostei de ler este texto. O Ser, os Plexos, os canais os órgaõs... tudo muito bem encadeado.

Bjs

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