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A AMPULHETA

Carlos deu-me um prazo, o qual eu não queria cumprir, foi meu momento de fraqueza, estava arrependida, meu corpo estremecia só de imaginar como tudo aquilo acabaria, ele estava raivoso, possesso, olhou-me com um ódio que nunca antes eu vi em seus olhos.
Eu o traí, traí meu grande amor com seu próprio irmão, Carlos foi viajar a trabalho em um final de semana e eu estava só em nossa casa, quando ouvi batidas na porta e atendi, tive uma surpresa que mudou o rumo da minha vida para sempre, era seu irmão Felipe, um homem bonito, um ano mais novo do que meu marido, Felipe sempre nos visitava, tinha verdadeira adoração pelo irmão, ambos se adoravam. Ele ficou hospedado em nossa casa, aguardando o regresso do irmão, a chegada de Carlos estava programada para domingo a tarde.
No sábado a noite, fazia muito frio e iniciava-se um temporal, conversávamos sobre coisas cotidianas, Felipe sempre foi um rapaz centrado e cavalheiro, ele perguntou-me se podia abrir o vinho que estava guardado, pois o frio estava incomodando-o, eu consenti e acabei acompanhando-o, o assunto estava muito agradável e acabamos perdendo a noção de tempo e copos. Comecei a sentir uma atração, algo que me puxava para a órbita de Felipe, quando acordei, já tínhamos consumado o ato sórdido, e para minha surpresa, meu amado marido, estava ali, petrificado, diante da cena que presenciava, eu não sabia como reagir, estava perplexa com minha atitude, as lágrimas correram involuntariamente. Felipe foi embora, enxotado, sem poder explicar o que aconteceu, se bem que em minha consciência, eu sabia que o que fizemos não tinha explicação.
Eu estava sozinha, enfrentando toda aquela situação, pedi perdão, chorei, implorei, Más Carlos permaneceu inerte, sem me dirigir nenhuma palavra. Aquele silencio estava me corroendo por dentro, eu preferia que ele estivesse gritando, me batendo, pelo menos eu saberia sua reação. Anoiteceu, quando de repente, escutei o ranger da porta, meu marido entrou, com uma expressão indecifrável no olhar, engoli seco, o pavor tomou minha alma. Ele pôs uma ampulheta sobre a mesa, eu nunca tinha visto aquela ampulheta antes, más permaneci em silêncio.
Era para você — Ele disse;
Era para significar o tempo, a nossa felicidade — Suspirou fundo.
—Cada grão significaria um dia de amor, e quando todos os grãos tivessem caídos, seria só virar a ampulheta, para renovar nossos dias de felicidade.
—Era para ser diferente — As lágrimas começaram as escorrer de seus olhos, então ele finalizou.
— Agora é seu prazo, Você tem até o ultimo grão para sair desta casa e de minha vida.
Ele saiu e eu não pude discutir; — Aqui meus caros eu volto ao inicio, onde comecei o relato de minha história.
Eu podia ficar e brigar, me fazer ser ouvida, afinal errar é humano. Más eu preferi ir, quando os últimos grãos estavam caindo, eu saí pela porta, e na esperança de um dia ser perdoada, caminhei pelo quintal, e quando abri o portão, escutei.
Meu coração gelou, corri de volta, más era tarde de mais.
Carlos cometeu suicídio, atirou em sua cabeça, eu comecei a gritar desesperada, próximo ao seu corpo havia uma carta e a ampulheta que na hora do desespero passaram despercebidas por mim. Depois de todo alvoroço, li seu conteúdo, Dizia;

Laura,

Minha vida, foste meu paraíso e cada minuto ao seu lado, foi uma eternidade. Nosso tempo acabou.

Sempre Seu,

Carlos.

Toda vez que olho para a ampulheta, meu corpo se arrepia, e ouço uma voz me chamando, como se o espírito de Carlos estivesse aprisionado nela, me chamando para mais uma hora de amor.

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segunda-feira, março 30, 2009 - 23:06

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PolianaRodrigues

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Re: A AMPULHETA

"O presente é a sombra que se move separando o ontem do amanhã. Nela repousa a esperança."
(Frank Lloyd Wright)

O texto é tristemente belo. Vidas vividas, imaginadas, suavizadas pela mão que escreve desta distinta maneira. Tudo tem o seu tempo no mundo, tudo está pré-definido, as cores, as horas, os sons e até as nossas vidas. Nós, triste humanos, só podemos mexer os cordéis, aqueles fios que nos ligam à terra e, mesmo esses, são difíceis de controlar pois, há outras coisas, que aparecem nas nossas vidas que não controlámos. Se tinha dúvidas na qualidade dos textos, estas desapareceram. Abraços.

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