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Ao darem-te o nome, esqueceram-te.

Não era de ti, que hoje as minhas palavras se arrastam – ao ritmo da chuva das sombras que me alagam. Nem é para ti que hoje, meus dedos dedilham palavras.
Tinha os cheiros bem presentes na ausência, martelados a ponta seca na mente. A voz nasalada dos túneis das toupeiras suburbanas, ainda a ressoar no oco. Tinha o nome, o teu, dado e imposto. Nos olhos. Letra a letra revelado. Nos lábios as gretas do frio num beijo deixado. E a fome que me assola de novo o reverso da barriga. Autocolante das costas manchadas. Em fotogramas que me encheram as veias. Dos recortes incertos de filmes multicolores, deixados ao acaso.
Dizia então que o imposto me fora revelado, na cavidade perfeita do osso. No ressoar dos tambores desfeitos. Em surdina. O teu nome. Herdeiro dos vidros calcados. Do sangue derramado em mim. O teu nome. Ao darem-te o nome esqueceram-te.
Um dia ousei beber-te. Ladra que eu fui. Em roubar-te aos bocados. Transgressora maldita. Proscrita. Pior foi pensar que não notavas. Estúpida. Eu. Enganada, na raiz da árvore dissecada.
Como poderias não notar o teu início em mim, se sem mim não existias? Tens o vínculo dos antigos no sangue e foi eu que o te dei. Mas não o possuo. Em mim apenas a revelação do teu nome. No meu corpo. Um fio de destino traçado. No momento exacto de ti.
São horas.
A condenação marcada soa aquém, no pio da ave
Corvo. Negro. Lustroso. Corvo.
carpideira.
Nada temas. Ao esquecer-te continuarei a exibir as tuas marcas. Pode ser que alguém me leia. E não se esqueça de ti. Pode ser que o teu nome ressoe algures na veia. Pode ser. E nada. Além de ti.

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sábado, março 15, 2008 - 13:36

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Mortisa

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Comentários

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Texto de raro lirismo,

Texto de raro lirismo, Mortisa! Parabéns!

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Obrigado! :)

Obrigado! :)

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Re: Ao darem-te o nome, esqueceram-te.

simplesmente fantastico, tanto pela escrita como pelo que cada palavra conta e ensina... maravilhoso obrigado por o teres legado a estes leitores desejosos de ti...

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Re: Ao darem-te o nome, esqueceram-te.

Muito bem escrito!!! Por amor todos somos um pouco ladrões de bocados de alguém... Abraço

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