CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Carta eterna

Um

"...olhavas-me de baixo e eu sentia-me como presa naquele quadro dependurado naquela parede nua... havias-me pintado, traço a traço, ruga a ruga com aquele lápis de cera preta com que fazias os teus gatafunhos... olhavas-me de baixo e eu sentia-me perdida no meio do teu olhar que não sabia ler, que não sabia entender... havias-me traçado a pele enrugada à volta dos olhos, nas faces, as próprias linhas do franzir habitual da minha testa... como me houveras pintado tão bem... ainda recordo aquela manhã em que sentada no banco da cozinha me havias pedido para posar para ti... ri-me como se pudesses fazer tal coisa... e, depois destes anos todos passados, em que regresso apenas em memória, olho-te de cima e vejo-te a olhar para mim daí de baixo, em pé nesse chão de tábuas rabugentas e bafiosas... olhas-me com um olhar parado, sem fulgor, apagado, mas olhas-me e recordas-me... só não consigo entender se me olhas por respeito se por amor... e a dúvida mantém-me presa dentro desta moldura..."

Dois

"... na verdade, esta moldura é a minha prisão... de tão perfeitos traços me retrataste que me sinto afogada neles como se eles fossem a minha própria alma, o cerne do amor que nos inundava enquanto a vida me era dada para viver... lembras-te, meu amor, de todas aquelas cartas que te escrevi enquanto presa dentro de outras grades, linhas estreitas que me afastavam de ti ou que te afastaram de mim... nunca soube o porquê e essa dúvida, que ainda hoje, aqui de cima mantenho, será a minha companhia na eternidade... é ela também que me concede a possibilidade de te ver aí olhando-me aqui nesta parede nua, dentro de mim mesma vazia e tão prenhe de linhas com que me vestiste naquela manhã na cozinha no banco sentada, rindo-me da tua certeza... meu amor, a paz que me preenche não retira a dor que mantive e que comigo trouxe; a paz que me preenche é uma paz por amor a ti mas a dor essa jamais sairá de mim; é um pouco como eu nestes riscos presente na tua mente quando daí em baixo me olhas... resta-me a doçura da lágrima que vejo cair da tua face nesse chão carcomido pelo tempo que não nos foi concedido... dor de mim em teu peito também ele dorido..."Um

"...olhavas-me de baixo e eu sentia-me como presa naquele quadro dependurado naquela parede nua... havias-me pintado, traço a traço, ruga a ruga com aquele lápis de cera preta com que fazias os teus gatafunhos... olhavas-me de baixo e eu sentia-me perdida no meio do teu olhar que não sabia ler, que não sabia entender... havias-me traçado a pele enrugada à volta dos olhos, nas faces, as próprias linhas do franzir habitual da minha testa... como me houveras pintado tão bem... ainda recordo aquela manhã em que sentada no banco da cozinha me havias pedido para posar para ti... ri-me como se pudesses fazer tal coisa... e, depois destes anos todos passados, em que regresso apenas em memória, olho-te de cima e vejo-te a olhar para mim daí de baixo, em pé nesse chão de tábuas rabugentas e bafiosas... olhas-me com um olhar parado, sem fulgor, apagado, mas olhas-me e recordas-me... só não consigo entender se me olhas por respeito se por amor... e a dúvida mantém-me presa dentro desta moldura..."

Dois

"... na verdade, esta moldura é a minha prisão... de tão perfeitos traços me retrataste que me sinto afogada neles como se eles fossem a minha própria alma, o cerne do amor que nos inundava enquanto a vida me era dada para viver... lembras-te, meu amor, de todas aquelas cartas que te escrevi enquanto presa dentro de outras grades, linhas estreitas que me afastavam de ti ou que te afastaram de mim... nunca soube o porquê e essa dúvida, que ainda hoje, aqui de cima mantenho, será a minha companhia na eternidade... é ela também que me concede a possibilidade de te ver aí olhando-me aqui nesta parede nua, dentro de mim mesma vazia e tão prenhe de linhas com que me vestiste naquela manhã na cozinha no banco sentada, rindo-me da tua certeza... meu amor, a paz que me preenche não retira a dor que mantive e que comigo trouxe; a paz que me preenche é uma paz por amor a ti mas a dor essa jamais sairá de mim; é um pouco como eu nestes riscos presente na tua mente quando daí em baixo me olhas... resta-me a doçura da lágrima que vejo cair da tua face nesse chão carcomido pelo tempo que não nos foi concedido... dor de mim em teu peito também ele dorido..."

Submited by

segunda-feira, janeiro 18, 2010 - 18:22

Prosas :

No votes yet

lobices

imagem de lobices
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 12 anos 51 semanas
Membro desde: 08/11/2008
Conteúdos:
Pontos: 316

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of lobices

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Prosas/Romance poetas 4 497 02/25/2010 - 03:13 Português
Prosas/Romance encontro 1 805 02/25/2010 - 03:12 Português
Prosas/Romance viver 1 712 02/25/2010 - 03:10 Português
Prosas/Romance pedir 1 684 02/25/2010 - 03:08 Português
Prosas/Romance singelo 2 571 02/25/2010 - 03:07 Português
Prosas/Romance Poema da Vida 1 443 02/25/2010 - 03:06 Português
Prosas/Romance teu ser 1 639 02/25/2010 - 03:04 Português
Prosas/Romance pronunciar 1 436 02/25/2010 - 03:04 Português
Prosas/Romance e em ti me eternizo... 1 523 02/25/2010 - 03:04 Português
Prosas/Romance incondicionalmente 1 439 02/25/2010 - 03:03 Português
Prosas/Romance uma forma de escrita 2 394 02/25/2010 - 03:02 Português
Prosas/Romance adormecendo 1 800 02/25/2010 - 03:00 Português
Prosas/Romance escrito 1 842 02/25/2010 - 02:59 Português
Prosas/Romance estatuto 3 579 02/25/2010 - 02:58 Português
Prosas/Romance primeiro 2 580 02/25/2010 - 02:57 Português
Prosas/Romance busca 2 845 02/25/2010 - 02:56 Português
Prosas/Romance preencher 1 444 02/25/2010 - 02:55 Português
Prosas/Romance tido 1 725 02/25/2010 - 02:54 Português
Prosas/Romance floresta 1 663 02/25/2010 - 02:54 Português
Prosas/Romance prolongar 1 568 02/25/2010 - 02:52 Português
Prosas/Romance carta a meu pai 4 687 02/25/2010 - 02:51 Português
Prosas/Romance porque te amo? 2 548 02/24/2010 - 14:44 Português
Prosas/Romance quando sabemos que se ama? 1 424 02/24/2010 - 14:44 Português
Prosas/Romance carta de amor 1 1.254 02/24/2010 - 14:43 Português
Prosas/Romance anatomia de um beijo 1 472 02/24/2010 - 14:43 Português