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CINZAS

Anjos são abismos de sombras outrora esperança,
deixei de acreditar qual pássaro voe de asas amputadas.

Rosas são tormentos cujo seu perfume esqueci
atordoado na minha voz de medo.

O vento é a única voz que me sussurra a luz
onde me escondo da morte a quem não pertenço.

Caminho sozinho pela linha da tempestade
de um inverno de pedras que invento
para ser o lar do meu coração.

Mantenho-me acordado em cada grito
que me dou de sono eterno.

Já não domino as minhas mãos famintas
do tempo que não tive.

Minha alma é o veneno que me corre nas veias.

Meu olhar é mais um entre os perdidos
numa loucura sem nome nem lugar
onde a fome é viver um dia mais.

Meu ser é uma flor que secou
à beira de uma estrada por abrir num escuro
onde só a chuva me acalma.

Navego mil oceanos para encontrar
uma qualquer esperança que me guie.

Vou olhar o luar de mil luas
para voltar a sonhar tudo de uma vez
e voltar a sentir o desejo de algo para continuar.

Pairo sobre o repouso das águas no gelo
dos meus sentimentos para em mim encontrar
algum sentido.

Escrevo poesias com palavras que não existem
se eu não ocupar o meu lugar num caixão de poemas
onde semeio a vida.

Lavo o rosto com as cinzas de um amor ardido
em fogueiras sonâmbulas.

Canto baixinho a espera do que nunca
chegou a chegar nem a ser.

A noite chora o seu sangue sobre o céu da minha solidão.

As horas são longas melodias fúnebres
entre mim e o silêncio de onde quero chegar.

O mar é a máscara da eternidade a cada onda
da minha insónia dor qual Andrômeda
fosse apagada do universo.

Afunda-se o meu sorriso na esfera imperfeita de um sol
que me queima até eu seja apenas pó.

Tudo quanto desejo é um só suspiro de amor que dure a vida inteira.
 

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quarta-feira, janeiro 19, 2011 - 20:17

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Henrique

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Tudo quanto desejo

 ... é carvão diamante puro
que a minha alma derreteu
Amor mundo!
... do sofrimento meu.

Abraço.

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