CINZAS
Anjos são abismos de sombras outrora esperança,
deixei de acreditar qual pássaro voe de asas amputadas.
Rosas são tormentos cujo seu perfume esqueci
atordoado na minha voz de medo.
O vento é a única voz que me sussurra a luz
onde me escondo da morte a quem não pertenço.
Caminho sozinho pela linha da tempestade
de um inverno de pedras que invento
para ser o lar do meu coração.
Mantenho-me acordado em cada grito
que me dou de sono eterno.
Já não domino as minhas mãos famintas
do tempo que não tive.
Minha alma é o veneno que me corre nas veias.
Meu olhar é mais um entre os perdidos
numa loucura sem nome nem lugar
onde a fome é viver um dia mais.
Meu ser é uma flor que secou
à beira de uma estrada por abrir num escuro
onde só a chuva me acalma.
Navego mil oceanos para encontrar
uma qualquer esperança que me guie.
Vou olhar o luar de mil luas
para voltar a sonhar tudo de uma vez
e voltar a sentir o desejo de algo para continuar.
Pairo sobre o repouso das águas no gelo
dos meus sentimentos para em mim encontrar
algum sentido.
Escrevo poesias com palavras que não existem
se eu não ocupar o meu lugar num caixão de poemas
onde semeio a vida.
Lavo o rosto com as cinzas de um amor ardido
em fogueiras sonâmbulas.
Canto baixinho a espera do que nunca
chegou a chegar nem a ser.
A noite chora o seu sangue sobre o céu da minha solidão.
As horas são longas melodias fúnebres
entre mim e o silêncio de onde quero chegar.
O mar é a máscara da eternidade a cada onda
da minha insónia dor qual Andrômeda
fosse apagada do universo.
Afunda-se o meu sorriso na esfera imperfeita de um sol
que me queima até eu seja apenas pó.
Tudo quanto desejo é um só suspiro de amor que dure a vida inteira.
Submited by
Prosas :
- Login to post comments
- 1357 reads
Add comment
other contents of Henrique
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Thoughts | DA POESIA | 1 | 9.852 | 05/26/2020 - 23:50 | Portuguese | |
![]() |
Videos/Others | Já viram o Pedro abrunhosa sem óculos? Pois ora aqui o têm. | 1 | 53.355 | 06/11/2019 - 09:39 | Portuguese |
Poesia/Sadness | TEUS OLHOS SÃO NADA | 1 | 9.588 | 03/06/2018 - 21:51 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | ONDE O INFINITO SEJA O PRINCÍPIO | 4 | 11.490 | 02/28/2018 - 17:42 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | APALPOS INTERMITENTES | 0 | 10.133 | 02/10/2015 - 22:50 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | AQUILO QUE O JUÍZO É | 0 | 11.325 | 02/03/2015 - 20:08 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | ISENTO DE AMAR | 0 | 9.498 | 02/02/2015 - 21:08 | Portuguese | |
Poesia/Love | LUME MAIS DO QUE ACESO | 0 | 10.224 | 02/01/2015 - 22:51 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | PELO TEMPO | 0 | 8.496 | 01/31/2015 - 21:34 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | DO AMOR | 0 | 8.190 | 01/30/2015 - 21:48 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | DO SENTIMENTO | 0 | 8.081 | 01/29/2015 - 22:55 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | DO PENSAMENTO | 0 | 10.392 | 01/29/2015 - 19:53 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | DO SONHO | 0 | 7.468 | 01/29/2015 - 01:04 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | DO SILÊNCIO | 0 | 8.200 | 01/29/2015 - 00:36 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | DA CALMA | 0 | 8.378 | 01/28/2015 - 21:27 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | REPASTO DE ESQUECIMENTO | 0 | 6.652 | 01/27/2015 - 22:48 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | MORRER QUE POR DENTRO DA PELE VIVE | 0 | 9.994 | 01/27/2015 - 16:59 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | NENHUMA MULTIDÃO O SERÁ | 0 | 8.174 | 01/26/2015 - 20:44 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | SILENCIOSA SOMBRA DE SOLIDÃO | 0 | 9.072 | 01/25/2015 - 22:36 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | MIGALHAS DE SAUDADE | 0 | 8.953 | 01/22/2015 - 22:32 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | ONDE O AMOR SEMEIA E COLHE A SOLIDÃO | 0 | 7.597 | 01/21/2015 - 18:00 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | PALAVRAS À LUPA | 0 | 7.408 | 01/20/2015 - 19:38 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | MADRESSILVA | 0 | 6.481 | 01/19/2015 - 21:07 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | NA SOLIDÃO | 0 | 9.907 | 01/17/2015 - 23:32 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | LÁPIS DE SER | 0 | 9.728 | 01/16/2015 - 20:47 | Portuguese |
Comments
Tudo quanto desejo
... é carvão diamante puro
que a minha alma derreteu
Amor mundo!
... do sofrimento meu.
Abraço.