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Dias de Azar VIII

- O quê? Viveram juntos? – o pai dela mostrava-se chateado. Iria começar ali o desgosto?
- Sim… mas tenham calma, apenas comíamos juntos e estávamos juntos. Após tudo completo dentro de casam cada ia para o seu quarto, uma vez que era uma das regras estabelecidas por todos.
- Mas filha, podias ter-nos contado. Sentimo-nos enganados, e penso que podemos até deixar de confiar em vocês!
- Oh mãe não fiques chateada, eu sentia-me desprotegida e apenas fui para casa de um grupo de amigos.
O pai toma a palavra:
- O que está feito, está feito. Não podemos exigir que peçam desculpa. – pela primeira vez estava a ver os seus pais compreensivos, não é que não fossem, mas nalgumas matérias eram completamente fechados.
- O teu pai tem razão, não vamos condenar-vos, além disso vocês são adultos e sabem tomar as vossas decisões e pensar nas consequências delas. – Marisa sentia-se completamente feliz e realizada. Resolvera o assunto que se atravessava na sua garganta à meses. Nunca contaram pelo medo que sentiam da reacção de ambos os pais. Despediram-se de Marina e de António, ofereceram-lhes algumas prendas, nomeadamente um ursinho da nici para levarem ao seu filho, Francisco. Este não viera, porque não conseguiram arranjar viagem para ele. Marisa sentia-se radiante por ser tia, mas não conhecer o seu sobrinho entristecia-a:
- Baby one day I will visit you!
- You will be welcome, as Renato.
Era 1 hora da madrugada quando se dirigiram para casa, desta vez quem levou o carro foi Renato, Marisa encontrava-se ensonada, acabando mesmo por adormecer durante a curta de viagem, cerca de 20 minutos. Quando chegaram, Renato apercebera-se que a sua amada adormecera, observa-a durante breves instantes, sai do carro e pega-a ao colo, deixando na cama. Vai buscar as 5 malas que deixara no carro.
Uma casa moderna, de linhas direitas e algo espaçosa, era a nova residência de ambos. Cheirava a novo, tudo se encontrava sequencialmente direito e arrumado, mas até quando duraria toda aquela arrumação? Eram ambos arrumados, mas provavelmente a vida agitada que levavam faria com que toda aquela arrumação acabasse rapidamente.
Não sentia sono, portanto durante mais de 1 hora arrumou tudo o que havia por arrumar, vagueou pela casa, gostava daquele cheiro a novo, misturado com o cheiro a maresia, dirige-se à sala, abre a janela, debruça-se, sente o toque intenso do oceano que tanto amava. Em passos lentos e silenciosos, Marisa dirige-se a Renato, encosta-se a ele, sentindo o intenso perfume: Jean Paul Gautier, oferecera-lho no natal passado. Era óptimo sentir o corpo dele assim tão próximo, era bom toca-lo uma vez mais. Ele vira-se:
-Princesinha… não estavas a dormir? – sorriu-lhe.
- Estava, incomodei-te meu príncipe?
-Não de maneira nenhuma, queres olhar o mar comigo? – ela sorriu e respondeu baixinho:
- Para sempre meu amor! – ele olha-a nos olhos, os olhos de ambos brilhavam. Segura-a pela cintura, puxa-a para si e beijam-se intensamente, o vento e o cheiro a maresia transformavam aquele momento único e intenso.
- Nunca amei alguém como te amo, explica-me este sentimento.
- Não posso…
-Porquê?
- É simplesmente… inexplicável – aquelas palavras saiam-lhe magicamente dos lábios, era como se realmente não existem palavras que explicassem o que era o verbo amar.
De facto descrever amor, é algo complicado, não existe definição própria e cada um de nós dá a sua própria designação. Assim amar: significa sofrer, compreender, apoiar, entre muitas outras coisas, que muitas pessoas não percebem, e é esse o principal problema das relações amorosas hoje em dia, muitos fraquejam porque não compreendem o que é amar, não compreendem que amar exige sacrifícios, e que ambos têm que estar em sintonia.
Pela primeira vez numa noite de primavera caminhavam descalços pela areia molhada, o mar excessivamente calmo, dava-lhes a sensação que este se encontrava feliz com a união de ambos:
-Tenho frio amor! – o top de alças brancas, não estava adequado à aragem fresca do mar. O fogo da paixão podia aquecer-lhe o coração, mas o corpo não. Renato tira rapidamente o casaco que vestira especialmente para a ir buscar ao hospital, algo vaidoso, detinha roupas bonitas, modernas, algo requintados e sobretudo tinha bom gosto em tudo o que vestia:
- Toma! – meteu-lhe o casaco por cima dos ombros, agarrou-a de forma a que o frio não entrasse tão facilmente, enquanto observavam o bater do mar nas rochas, conversavam sobre os últimos meses, ambos sentiam que todos os problemas que apareceram fortaleceram fortemente a sua relação, alias agora tinha um compromisso para vida.
O cheiro intenso a perfume, fazia Marisa sentir-se segura. No fundo sabia que aquela união seria até ao fim dos dias de ambos, sentia-o a cada passo que dava com ele, a cada beijo, a cada abraço. Eram jovens mas ambos colocaram metas nas suas vidas, pretendiam acabar os seus cursos, reorganizar as suas vidas. Apesar das suas tenras idades, tinham consciência que nada na vida é fácil e que ao longo das suas vidas teriam barreiras, teriam que se unir para as ultrapassar. Uma criança uni-los-ia mais? Quem sabe, Marisa seria uma mãe perfeita e Renato um daqueles pais babados.
Lentamente a maré ia enchendo sem que ambos reparassem, não sendo portanto de estranhar que quando se deram conta estavam completamente encharcados. Durante mais de 10 minutos contemplaram o céu, desvendando o significado de algumas constelações:
- Vês aquela ali ao fundo?
-Sim…como se chama?
- Aquela é a Phoenix! É muito bonita não é?
- É linda como tu meu anjo! – aquele sorriso inocente de menina de 20 anos que se encontrava completamente apaixonada por alguém mais velho, de 22 anos. A idade importará para se amar realmente alguém? Apesar das más línguas os condenarem por não “obedecerem” às leis da natureza, sobretudo condenavam Marisa por esta assumir sem problemas uma relação que supostamente era vista como condenada aos desastre.
De mãos dadas subiram as escadas que os levariam a casa. Caminharam devagar entre as curtas ruas, às 2 horas da manhã vazias, como se as próprias ruas fossem apenas construídas para viverem aquela paixão. Sentei-me invisivelmente a observa-los, lembro-me de ter pensado: já não existem amores assim, infelizmente! A calma como caminhavam rua a cima, a suavidade com que falavam um com o outro, mostrava o quanto ambos se amavam e o respeito que existia entre eles. Os sorrisos eram sem dúvida contagiantes, alias nunca na minha vida tinha visto sorrisos tão verdadeiros como aqueles.
É fácil para nós muitas vezes, quando estamos de fora, analisarmos as coisas. É fácil dizer que as separações são provocadas por incompatibilidades, mas não, as separações resultam de pequenos factores que vão destruindo a chama da paixão. Talvez a experiência me diga que para se amar é necessária uma entrega total, o que geralmente não acontece. Amar é muito mais que dizer: Amo-te… Amo-te é só uma palavra, não é verdade? Era fascinante observa-los, tinham a felicidade estampada nos rostos e nunca ninguém poderia dizer que aquele amor era falso. A falsidade existe apenas na cabeça das pessoas, pessoas que invejam as grandes paixões e de quem a solidão é companhia diária. Tenho pena dessas pessoas, porque geralmente não suportam a ideia de verem as pessoas felizes.
Chegaram a casa entre muitos sorrisos e brincadeira. Renato põe a mão ao bolso procurando a chave de casa, mas não a encontra:
- Amor acho que perdi a chave de casa! – Renato mudara a expressão quando disse aquilo, estava aflito.

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quarta-feira, agosto 4, 2010 - 11:00

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lau_almeida

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Re: Dias de Azar VIII

As suaves pinceladas de romance, num cheiro a maresia, que combina com este mês.
E no fim, o toque de alarme, o prenuncio de mais um volte-face na história?
Cá aguardarei.

A amar o conto.

Incrivel a tua facilidade de contagiar o leitor

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Re: Dias de Azar VIII

Obrigada pelo comentário :)
esta parte foi divertidissima de escrever, ahahah
bj*

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