CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
O homem da máquina a vapor
?
kemp, o homem da máquina a vapor, não tinha pressa em descobrir os mistérios da sua existência, afinal ele era, em todos os horóscopos, o próprio mistério por revelar.
Lá fora ouviam-se murmúrios Invernais.
Um Inverno com balas de frio que entravam dentro das salas e dos quartos, pelas janelas da casa.
Aquele frio marcou-o profundamente, ao longo do tempo, com varias cicatrizes em todas as divisões da sua vida.
Naquele dia levantou-se cedo, um pouco antes do dia, com a mesma sensação de sempre, sentia desconforto ao respirar, um ardor nas palavras silenciosas, que tinha que escrever e que alimentavam o deserto desolado que lhe crescia dentro das gavetas da escrivaninha.
kemp, ajeitou o guarda-chuva pendurado no braço, meteu as mãos no fundo dos bolsos e saiu de casa pronto a enfrentar o nevoeiro matinal, deixando para trás a tempestade que se formara no sótão do seu corpo.
Seguiu pela travessa até ao cais, saboreando a maresia fresca e salgada que o vento trazia do mar.
Sabia que ao fundo da rua havia uma praia escondida entre os prédios, lembrava-se bem a última vez que tinha lá estado.
No céu, as gaivotas voavam em círculos sobre o mar encrespado e gritavam por socorro, um peixe afogava-se no aquário dos seus olhos.
Respirou fundo, olhou a cratera que se abriu no chão sob os pés e deixou-se cair imerso na névoa dos seus pensamentos.
Lutou, tentou levantar-se uma e outra vez, apoiando-se nas memórias, mas não conseguiu.
Da praia, das gaivotas e do mar, já nada sabia, o peixe morreu.
Fechou os olhos e as cataratas do Niágara escorreram pelas janelas do prédio castanho que trazia vestido.
Ficou ali sentado durante muito tempo e era o tempo todo que tinha naquele dia para estar só.
A máquina a vapor ia carburando, lentamente dentro do peito, aquelas horas de Inverno.
Submited by
Prosas :
- Se logue para poder enviar comentários
- 1168 leituras
Add comment
other contents of loftspell
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Geral | A porta dois | 0 | 927 | 05/05/2013 - 11:26 | Português | |
Poesia/Geral | A água cai e fertiliza a terra | 2 | 1.805 | 04/10/2012 - 00:32 | Português | |
Poesia/Geral | Quando a brisa vem serena | 1 | 1.275 | 02/29/2012 - 22:31 | Português | |
Prosas/Outros | O homem da máquina a vapor | 1 | 1.168 | 02/14/2012 - 20:48 | Português | |
Poesia/Geral | A porta nova da casa velha | 3 | 1.179 | 01/19/2012 - 23:36 | Português | |
Poesia/Geral | Cabem entre os homens oceanos inteiros | 2 | 1.112 | 01/13/2012 - 00:42 | Português | |
Poesia/Geral | Sobre o sentido da vida | 3 | 1.504 | 01/02/2012 - 22:58 | Português | |
Poesia/Geral | Urgência – A pele sensível das lágrimas | 1 | 1.209 | 12/31/2011 - 00:23 | Português | |
Poesia/Geral | Urgência – O azul das tuas lagoas profundas | 1 | 1.163 | 12/31/2011 - 00:12 | Português | |
Poesia/Geral | Urgência – As eras do silêncio | 1 | 1.150 | 12/29/2011 - 21:53 | Português | |
Poesia/Geral | Urgência – Os despojos do corpo | 0 | 904 | 12/28/2011 - 10:08 | Português | |
Poesia/Geral | O veículo ou consciência como origem e extinção [A anti-espécie | 0 | 1.285 | 12/12/2011 - 19:37 | Português | |
Poesia/Geral | Era tempo de morte e ainda não tinha nascido | 1 | 1.379 | 11/25/2011 - 23:21 | Português | |
Poesia/Geral | O que é contemplar, senão olhar com o pensamento | 3 | 1.585 | 11/19/2011 - 16:33 | Português | |
Poesia/Geral | As esferas que moldam o mundo [a vida | 1 | 1.478 | 11/15/2011 - 15:12 | Português | |
Poesia/Geral | Palavras definem palavras | 2 | 1.371 | 10/27/2011 - 19:52 | Português | |
Poesia/Geral | Escrevo poemas no olhar das pessoas | 2 | 1.827 | 10/22/2011 - 14:16 | Português | |
Poesia/Geral | Quantas gaivotas sobrevoaram os meus pensamentos | 1 | 1.995 | 10/07/2011 - 19:51 | Português | |
Poesia/Geral | As cidades ainda brilham | 2 | 1.504 | 10/02/2011 - 21:05 | Português | |
Poesia/Geral | As brancas do meu pensamento | 0 | 1.416 | 09/30/2011 - 00:10 | Português | |
Poesia/Geral | Renova-se o mundo nas tardes do meu olhar | 1 | 1.356 | 09/19/2011 - 01:23 | Português | |
Poesia/Geral | Cada vez que assomo à janela e o vento bate assim | 1 | 1.425 | 08/31/2011 - 20:45 | Português | |
Poesia/Geral | É meia-noite e a Lua chama-se amor | 0 | 1.483 | 08/17/2011 - 17:02 | Português | |
Poesia/Geral | Em cantos da alma | 2 | 1.359 | 08/05/2011 - 22:21 | Português | |
Poesia/Geral | Morrem no peito Legiões | 2 | 1.310 | 07/01/2011 - 15:45 | Português |
Comentários
Querido amigo, Estou
Querido amigo,
Estou maravilhada com a leitura que fiz e refiz dessa tua excelente prosa...
Simplesmente,magnífico!!!
Beijo