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O monstro
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O Monstro
Dentro de cada um de nós, há um monstro. O meu? Tenho-o bem preso, no sótão. Ruge, o estupor. As terras movem-se pelas paredes, atirando os quadros ao chão, mas eu, bem encostado a elas, aproximo-me e chibato-o.
Quando o segurei, quase morri, mas desfaleço, quando a sua respiração ressoa.
Está algemado com anilhas grossas, bem argoladas. Tem duas mãos e duas pernas, se é que dá para acreditar. O bicho!
Não tinha o metal que me agradasse, e por isso, fui por ele, fingido, em pedras rudes nos altos cumes da minha raiva. Como eu cinzelei, e bati, e cerrei os dentes, e me deitei sobre os penedos em gritos. Desci.
Cravei as correntes nas paredes cavernosas, com espigões a quarenta e cinco graus, dirigidos para mim; pelo menos, sempre tem mais alcance quando atiradas.
E os elos? Ai, esses, as feridas em sangue que deixaram no bordá-las com a carne, sempre em sangue. Fiei, cada um dos fios bem temperados, pelo meu querer, muito devagar, e depois, juntei-os a outros, entrelaçando-os de novo, no aparecimento de um fio mais grosso. E nessa lógica, começando da força mais frágil, sempre a ser somada a outras, bordei o elo final com nós de marinheiro. O retoque final, a da soldadura, que alisa a sua forma, tornando-a uniforme e reflexa, foi dado pela minha saliva sulfúrica, quando a lambi nos meus olhos enlouquecidos a vermelho vivo, no mabeco ferido que saboreia o osso, ao lado dos rivais mortos, e que não respeitaram a hierarquia. Depois…depois ri-me, num gargalhar muito rebolado e requintado, com o braço bem levantado ao queixo, e a mão efeminadamente saída para fora, pois já estava na fronteira do género, e era apenas um raio sagaz que ganhava forma pungente na separação das águas; a de quem bate na mesa mostrando os dentes caninos gotejantes, e viola com o olhar.
É escusado. Eu não cedo, só tenho uma ínfima coisa, feita de algo para dar. Sim, última: a minha morte, e essa, têm de a matar.
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