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O Mundo Para Lá dos Espelhos
...Ficaste parado, como por encanto enquanto eu passava por ti. Nada disseste e eu nada fiz para te tirar dessa espécie de letargia em que te encontras.
Sabes como passo as noites?
Lembrando e reconstituindo cenas, descodificando os teus sinais. Passearam-se pelo véu que me cobria o corpo, sentia-o leve, muito leve e a maciez bailava no meu corpo que se encontrava lado-a-lado com as estrelas esvaídas a nossos pés. Lembro-me bem do teu sorriso, sempre que me aconchegava num manto dourado que me conduzia sempre para o mundo para lá dos espelhos. Reflexos de um mundo onde coabitava a dor entre os escombros. Há um perigo eminente em cada esquina dobrada, em cada mácula disfarçada, em cada momento calado, em cada corpo mal amado e em cada rosto mal tratado. Já nem o nada me aceita nestes submundos onde habita a minha alma disfarçada, mas há nesta cidade, um caminho íngreme que se põe sempre a descoberto. È só aprender a escalar montanhas, e a facilidade com que o dobramos é aos olhos de mundo pintura abstracta, em rostos sem nome.
Tento que a minha sede seja saciada, quando te encontrar nesses recantos onde dormes há já tantos anos passados. Não me lembro de nada que me faça voltar a temer por gestos inconsequentes, quando ainda era só centelha vazia no fundo da tua alma. Foi ela que me lembrou, que saí deste ventre imaculado. Sabes que há certezas que nos alimentam esta vontade de ir ao fundo, e estes submundos acorrentados já me acolheram em tantos voos, que mesmo sem vontade, deambulo sem destino. A luz que me alumiava o caminho está frouxa e eu não sei como abrir as portas à luz que amortece no meu olhar. Se quisesses seríamos a lucidez e paralelamente alguma certeza de cairmos nos braços de uma noite só nossa. Crescem-me nas mãos as flores que pisaste, quando interrompeste o nosso destino e há caminhos soltos na aridez das fragas soltas que se cobrem de gotículas roxas que carregas nesse fardo leve.
Há nesta cidade uma cegueira enfileirada lá para os lados da nascente. Eu, aqui me encontro ensaiando as dores do desejo que por ti escorre. Jaz no meu corpo. Quase sempre saio á rua para sentir esta combustão que arrasto nas pupilas dos meus olhos...
(A Voz do Silêncio)
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Comentários
Re: O Mundo Para Lá dos Espelhos
É bom ler o que é belo, este texto é sem dúvida nenhuma prova disso mesmo, continue, pois adorei muito.
Um BJ
Re: O Mundo Para Lá dos EspelhosP/Angelo
Angelo, gata pela sua visita
gostei muito
Bjs
Re: O Mundo Para Lá dos Espelhos
Amiga Matilde.
Teus trabalhos são sempre lindos, poemas ou prosas.
E este também é ótimo.
Adorei.
Parabéns,
REF
Re: O Mundo Para Lá dos EspelhosP/REF
Adorei que tivesse lido REF
Um abraço carinhoso
Re: O Mundo Para Lá dos Espelhos
A tua prosa é sempre envolvente
bela.
Deixa-nos sempre amarrados à envolvência
poética das palavras que falam do teu sentir.
Muito, muito belo.
Beijo
Vóny Ferreira
Re: O Mundo Para Lá dos EspelhosP/VonyFerreira
Obrigada Vony pela atenção e carinho que depositas nas minhas palavras
Bjs
Re: O Mundo Para Lá dos Espelhos
ÔNIX,
Apreciei o teu mundo de espelhos.
Grato pela partilha.
Bj
Re: O Mundo Para Lá dos EspelhosP/Poesiadeneno
Poesiadeneno
Obrigada pela visita. Espero que te sintas confortável aqui neste espaço
bjs
Re: O Mundo Para Lá dos Espelhos
ÔNIX;
Que bom que é te ler. Que ideia genial, esse Mundo de espelhos.
Que divinal o excerto..."Crescem-me nas mãos as flores que pisaste, quando interrompeste o nosso destino "...
Muito bom!!!
Re: O Mundo Para Lá dos EspelhosP/Mefistus
Mefistis,
És um querido...muito obrigada por tudo
Bjs