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Yoreg
Da contenda trazía os ossos embebidos do martírio da perda dos seus, nas mãos os calos do manejo pesado, na fronte o vinco da gravura do sangue. Tudo era grande, a perda e a vitória.
Terreno comido aos poucos, cavalgado na persistência e na cruz ao peito.
Subiu, subiu muito, precisava do ar fresco a lavar-lhe o rosto e da águia o pio livre do domínio dos céus, voltar a saber o caminho do belo e do verde. Ao atingir a cabeça da montanha sentiu que não era mais dele o corpo que o envolvia, tudo se entregava à força do vento que o espalhava como um pólen dominador e no entanto… em casa, regressava à casa que nunca construíra, a cheiros familiares de urze, à vista vertiginosa sobre o vale alagado de outras memórias, perdas lá em baixo, um tempo de esquecer e renascer.
Dilatou-lhe a fé no novo, gritou.
Devolveu a montanha todos os seus ecos, a si, Yoreg, chamou-o, clamou-o no sacrifício da entrega e do dador. Abriu os braços à cruz natura.
Quando se sobe a montanha ouvem-se risos. Trovoada, dizem. Os que sabem da lenda contrariam: Yoreg.
Basta encostar o rosto à terra e escuta-se distintamente o bater do coração.
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Comentários
Re: Yoreg
lindo e profundo animista ate...
Re: Yoreg
Um texto muito bom e bem escrito.
Na terra sente-se o coração do homem que a amou.
Bjs
Re: Yoreg
A montanha confidente, a montanha amiga; a montanha atenta e sempre de braços abertos para receber os de coração livre, batidos e de reparada batida... acertar o ritmo, remendar as botas para mergulhar na montanha mãe... para retomar os amanheceres na frescura da giesta da verde força.
Um beijo
”(º0º)”